domingo, 17 de julho de 2011

DEFICIÊNCIA MENTAL

       
Inclusão do deficiente mental na escolarização comum - um processo em construção.


   Mara Anita F. Ledur[i]


Resumo
Neste texto vou aprofundar um pouco sobre como as pessoas portadoras de deficiência mental devem ser e podem ser inseridas na escola regular, tendo a participação da família, colegas e todo meio social do qual fazem parte. Com a proposta da Educação Inclusiva, observamos uma mobilização da escola frente ao novo modelo escolar, que é a inclusão dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais nas salas de aula de ensino regular. A partir disso todos os sujeitos, inclusive os deficientes mentais devem ter garantido seu direito de acesso e permanência na escola pública gratuita e de qualidade, adquirindo através disso vida independente e uma postura crítica frente aos acontecimentos do cotidiano. Apresentando ainda uma reflexão sobre aspectos relativos às dificuldades de aprendizagem, bem como a Psicopedagogia em estabelecer diretrizes para a resolução dessas dificuldades e a responsabilidade do educador em proporcionar o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

 Palavras-chave: Deficiência Mental; Escola; Inclusão Social, Dificuldades de aprendizagem.



              O objetivo deste texto é expor algumas idéias de como deve acontecer a inclusão de crianças portadoras de deficiência, o papel da escola em relação a mesma,  a inclusão dentro do meio social como desenvolver e como trabalhar para que ela realmente aconteça, e também as dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelas crianças portadoras de alguma deficiência ou necessidades especiais.
              Hoje no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência estão sendo discriminadas nas comunidades em que vivem ou sendo excluídas do mercado de trabalho. O processo de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto à socialização do homem.
A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pessoas, sem respeito, sem atendimento, sem direitos, sempre foram alvo de atitudes preconceituosas e ações impiedosas.
             Nos últimos anos educadores, pais tem-se mobilizado e trabalhado para que a inclusão para pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade especial conseguiriam resgatar o respeito humano, a dignidade, de modo que o desenvolvimento e todos os recursos da sociedade ajudassem nesse trabalho.
            A Inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto. Necessita-se de uma formação de professores capacitados à atender as necessidades dos alunos com algum tipo de deficiência ou necessidades especiais.
            A inclusão deve ser prioridade não somente nos textos legais, mas na vida de todos.

            Para a inclusão de alunos com necessidades especiais significa uma mudança na gestão da educação que possibilita o acesso às classes comuns do ensino regular e a ampliação da oferta de atendimento educacional especializado que propicie a eliminação de barreiras para o acesso ao currículo.
            Quando acontece um caso de deficiência na família, sendo no nascimento por hereditariedade, ou após algum tempo cabe aos pais procurarem um atendimento também porque precisam estar preparados psicologicamente para aceitação dessa criança. Uma criança deficiente dentro da família altera a rotina familiar pelo fato de precisar receber uma atenção maior que uma criança normal. Geralmente a criança deficiente ou com necessidades especiais precisa de companhia sempre por não saber ou não poder se virar sozinha, geralmente é totalmente dependente e necessitam de cuidados maiores. Os pais estando preparados e orientados se tornam os intermediários a integração ou inclusão de seus filhos junto à comunidade.
            Cada deficiência acaba acarretando  um tipo de comportamento e suscitando diferentes formas de reações, preconceitos e inquietações. As deficiências físicas, tais como paralisias, ausência de visão, ou de membros, causam imediatamente apreensão mais intensa por terem maior visibilidade. Já a deficiência mental e a auditiva, por sua vez, são pouco percebidas inicialmente pelas pessoas, mas causam mais estresse, à medida que se torna consciência da realidade das mesmas.
            A falta de conhecimento da sociedade, em geral, faz com que a deficiência seja considerada uma doença crônica, um peso ou um problema. O estigma da deficiência é grave, transformando as pessoas cegas, surdas e com deficiências mentais ou físicas incapazes, indefesos, sem direitos, sempre deixados para o segundo lugar na ordem das coisas. É necessário muito esforço para superar este estigma. Essa situação é mais freqüente com pessoas mais carentes, os recursos econômicos fazem com que o atendimento seja de menor qualidade, essas pessoas são pouco reconhecidas nas suas comunidades e com certeza possuem pouca informação sobre deficiência.
            Para que haja a verdadeira integração professor-aluno, é necessário que o professor da sala regular e os especialistas de educação das escolas  tenham conhecimento sobre o que é deficiência, quais são os seus principais tipos, causas, características e as necessidades educativas de cada deficiência.
            É muito importante que o professor faça um diagnóstico se souber de um aluno com algum tipo de deficiência ou necessidade junto com os pais, para traçar estratégias de estimulação família-escola.
            A integração professor-aluno só ocorre quando há uma visão despida de preconceito, cabendo ao professor favorecer o contínuo desenvolvimento dos alunos com necessidades especiais educativas especiais. Não é tarefa fácil, mas é possível. Quando ocorre, torna-se uma experiência inesquecível para ambos.
            A interação aluno-aluno traz à tona as diferenças interpessoais, as realidades e experiências distintas que os mesmos trazem do ambiente familiar, a forma como eles lidam com o diferente, os preconceitos e a falta de paciência em aceitar o outro como ele é. Todos os alunos das classes regulares devem receber orientações sobre a questão da deficiência e as formas de convivência que respeitem as diferenças, o que não é tarefa fácil, mas possível de ser realizada. Levar os alunos de classes regulares a aceitarem e respeitarem os portadores de deficiência é um ato de cidadania.
            Se cada pessoa humana libertar esse mundo que está dentro dela, poderemos transformar esse que está aqui fora. Dessa forma, lutar a favor da inclusão social deve ser responsabilidade de cada um e de todos coletivamente.
            Dificuldade de aprendizagem por vezes referida como desordem de aprendizagem ou transtorno de aprendizagem, é um tipo de desordem pela qual um indivíduo apresenta dificuldades em aprender efetivamente. A desordem afeta a capacidade do cérebro em receber e processar informação e pode tornar problemático para um indivíduo o aprendizado tão rápido quanto o do outro, que não é afetado por ela.
            A expressão é usada para referir condições sócio-biológicas que afetam as capacidades de aprendizado de indivíduos, em termos de aquisição, construção e desenvolvimento das funções cognitivas, e abrange transtornos tão diferentes como incapacidade de percepção, dano cerebral, disfunção cerebral mínima, autismo, dislexia, e afasia desenvolvimental. No campo da educação, as mais comuns são a Dislexia, a Disortografia e a Discalculia.
            Um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não apresenta necessariamente baixo ou alto QI: significa apenas que ele está trabalhando abaixo da sua capacidade devido a um fator com dificuldade, em áreas como por exemplo, o processo visual ou auditivo. As dificuldades de aprendizagem normalmente são identificadas na fase de escolarização, por profissionais como psicólogos, através de avaliações específicas de inteligência, conteúdos e processos de aprendizagem.
            Embora a dificuldade de aprendizagem não seja indicativa do nível de inteligência, os seus portadores tem dificuldades em desempenhar funções ou habilidades específicas, ou em completar tarefas, caso entregues a si próprios ou encarados de forma convencional. Estes indivíduos não podem ser curados ou melhorados, uma vez que o problema é crônico, ou seja, para toda a vida. Entretanto, com o apoio e intervenções adequados [1], esses mesmos indivíduos podem ter sucesso escolar e continuar a progredir em carreiras bem sucedidas, e mesmo de destaque, ao longo de suas vidas.
            “Dificuldades de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo genérico heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo e presume-se que devido à disfunção do Sistema Nervoso Central. Apesar de  que uma dificuldade de aprendizagem pode ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardo mental, distúrbio social e emocional) ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é o resultado direto dessas condições ou influências”.
                Dificuldades de aprendizagem envolvem muitas áreas de percepção, entre as quais:
              -Discriminação visual ou auditiva.
              -Percepção das diferenças em ambos as vistas ou ouvidos.
              -Impedimento visual ou auditivo.
              -Discriminação figura-fundo visual ou auditiva.
              -focalização de um objeto, ignorando os seus antecedentes.
              -Memória visual ou auditiva, nem a curto nem a longo prazo.
              -Sequenciamento visual ou auditivo.
              -Colocação do que é visto ou ouvido na ordem certa.
              -Associação e compreensão auditiva.
              -Relacionamento do que é ouvido a outras coisas, incluindo definições de    palavras e significados de sentenças.
              -Percepção espacial.
               -Lateralidade (acima e abaixo, entre, dentro e fora) e posicionamento no                            espaço.
               -Percepção Temporal
               -Intervalos de tempo de processamento da ordem de milisegundos,                                    fundamental para o desenvolvimento da fala de transformação.
               -Incapacidade de aprendizado Não- Verbal.
               -Processamento de sinais não-verbais em interações sociais.
               
            Quando professores e educadores tem uma reflexão psicopedagógica  é mais fácil analisar o porquê do seu aluno não aprender e quais os fatores que levam o aluno a ter dificuldades no processo de aprendizagem. Muitas vezes os mesmos tendem a procurar um culpado para isso tudo, e o maior crucificado é o meio familiar em que o aluno vive por sua postura e comportamento. Sempre há uma desculpa dos fatores que levam o aluno a ter dificuldades. Preguiça, lentidão ou falta de atenção ou de interesse são algumas delas, que muitas das vezes são usadas pelos educadores como forma de tirar de suas costas a responsabilidade, no entanto, essas desculpas tendem a contribuir para o agravamento dessas dificuldades, deixando o aluno cada vez mais desmotivado a aprender.
            Não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. (FREIRE,1993).
            Essa necessidade da existência de quem ensina e de quem aprende é fator importantíssimo no processo educacional, pois é através dessa consciência que ambos, educador e aluno constroem vínculos indispensáveis para a aprendizagem.
            A interação entre o mestre e o estudante é essencial para a aprendizagem, e o mestre consegue essa sintonia, levando em consideração o conhecimento das crianças, fruto de seu meio (FREINET, 2002).
            Muitos dos problemas enfrentados na escola, entre eles a indisciplina e a dislexia provêm  de várias situações sócioafetivas não resolvidas no decorrer dos anos. É  uma série de sentimentos que vivenciam no meio e que se refletem na aprendizagem, às vezes, positivamente e, às vezes, negativamente.
            A dificuldade de aprendizagem é um tema que deve ser estudado levando-se em conta todas as esferas em que o indivíduo participa (família, escola, sociedade, etc...) Sabe-se que nunca há uma causa única para o fracasso escolar e que o aluno com dificuldade de aprendizagem não é um aluno que tem deficiência mental ou distúrbios relativos, na verdade, existem aspectos fundamentais que precisam ser trabalhados para obter-se um melhor rendimento em todos os níveis de aprendizagem e conhecimento. Quando falamos de aprendizagem e conhecimento não estamos nos referindo somente a conteúdos disciplinares, mas também a conhecimento e desenvolvimento vital que são tão importantes quanto, a aprendizagem está diretamente relacionada à conduta. É aprendendo que reformulamos nossa maneira de atuar no mundo e sobre ele. (SOARES,2003).
            O educador enquanto mediador do processo ensino-aprendizagem, bem como protagonista na resolução e estudo das dificuldades de aprendizagem deve obter orientações específicas para que se desenvolva um trabalho consciente e que promova o sucesso de todos os envolvidos no processo.
            As dificuldades de aprendizagem devem ser levadas em conta, não como fracassos, mas como desafios e serem enfrentados, e ao se trabalhar essas dificuldades, trabalha-se respectivamente as dificuldades existentes na vida, dando oportunidade ao aluno de ser independente e de reconstruir-se enquanto ser humano e indivíduo.
            Segundo Paulo Freire (2003) o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”. Essa leitura do espaço pedagógico pressupõe também uma releitura da questão das dificuldades de aprendizagem.
            É louvável dizer que só conseguiremos mediar as dificuldades de aprendizagem, quando lidarmos com nossos alunos de igual para igual, quando fizermos de aprendizagem um processo significativo, no qual o conhecimento a ser aprendido e apreendido faça algum sentido para o aluno não somente na sua existência educacional como também na sua vida cotidiana.
            Enfim, não devemos tratar as dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas insolúveis, mas, antes disso, como desafios que fazem parte do próprio processo de aprendizagem, a qual pode ser normal ou não-normal. Também parece ser consensual a necessidade imperiosa de se identificar e prevenir o mais precocemente possível as dificuldades de aprendizagem, de preferência  ainda na pré-escola.

                


Considerações Finais

           Ao construir uma breve análise do trabalho pude concluir que a inclusão só é possível se há conscientização  de toda uma sociedade, indiferente de deficiência for, cabe a todos se unir e lutar para que ela se torne real e se concretize de uma vez, cabe a cada um de nós fazer a nossa parte e passar a nossas crianças o sentimento de direito a igualdade de condições, que o diferente é normal, pois só assim teremos uma sociedade inclusiva, onde todos são tratados de igual para igual.


Referências

http;//www.scielo.php?pid=S0102-88392000000200008&script=sci_arttext&tln..., Portadores de Deficiência( a questão da inclusão social).


http://www.inclusão.com.br/projeto_textos_23htm , O que é educação inclusiva..

http;//recantodasletras.uol.com.br/artigos/159043  Artigo: Dificuldades de , aprendizagem, questão psicopedagógica?

hhtp://PT.wikipedia.org/wiki/ Dificuldades de aprendizagem.
            


[i] Aluna do curso de Licenciatura de Pedagogia a Distância, UFPel.