Eugenia Nelci Karas[1]
Resumo
Para que a criança tenha um desenvolvimento saudável e adequado dentro
do ambiente escolar e consequentemente no social é preciso estabelecer relações
interpessoais positivas, como aceitação e apoio, possibilitando assim o sucesso
dos objetivos educativos. Pois sabemos que a escola é o primeiro agente
socializador fora do circulo familiar da criança, sendo assim a base da
aprendizagem é condição necessária para que ela se sinta segura.
Palavra-chave: Afetividade, aprendizagem, relações
interpessoais, desenvolvimento.
As escolas deveriam
entender bem mais de Seres humanos do que de conteúdos e técnicas educativas.
Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não
entender de amor, sonhos e fantasias. (Cláudio Santini)
Toda criança deseja e necessita ser amada, aceitada e acolhida, ouvida
para que possa. Despertar para a vida e o aprendizado. E o professor é quem
prepara e organiza o micro universo da busca e do interesse. A postura desse
profissional se manifesta na percepção e na sensibilidade ao interesse das
crianças que em cada, diferem em seu pensamento e modo de sentir o mundo.
No presente artigo
pretende-se fazer uma abordagem sobre as FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA, destacando
alguns conceitos, teorias, enfatizando sua importância no processo de ensino e
aprendizagem. Portanto na primeira parte, apresenta-se uma breve abordagem das teorias
da psicologia do desenvolvimento, baseada principalmente em Piaget. Num segundo
momento serão dados alguns conceitos sobre afetividade. Por fim o tema da afetividade na educação
infantil, que é o cerne do presente artigo.
Considerações sobre a psicologia do
desenvolvimento
Para compreendermos o tema
da afetividade na educação infantil, primeiramente, se fazem necessárias tratar
da Psicologia do Desenvolvimento Infantil, especialmente o desenvolvimento
cognitivo estudado por Jean Piaget.
A infância se caracteriza
como sendo o período de adaptação progressiva ao meio físico e social. A
adaptação aqui é “equilíbrio”, cuja adaptação dura toda a infância e
adolescência e define a estruturação própria destes períodos existenciais. Jean Piaget ensina (1985), “educar é adaptar
o individuo ao meio social ambiente”.
Quando se trata de
educação infantil no contexto da educação moderna é preciso considerar quatro
pontos fundamentais: a significação da infância, a estrutura do pensamento da
criança, as leis de desenvolvimento e o mecanismo da vida social infantil.
Piaget um dos grandes
estudiosos da psicologia do desenvolvimento dedicou-se ao estudo do
desenvolvimento cognitivo, ou seja, a gênese da inteligência e da lógica. Ele
concluiu pela existência de quatro estágios ou fases do desenvolvimento da
inteligência. Cada estágio com suas características através do qual a criança constrói
seu conhecimento.
* Primeiro estagio:
sensório motor (ou pratico) 0-2 anos: trabalho mental: nesta fase estabelece
relações entre as ações e as modificações que elas provocam no ambiente físico;
exercício dos reflexos; manipulação do mundo por meio das ações. Ao final constância /permanência do objeto.
* Segundo Estágio: Pré-operatório
(ou intuitivo) 2-6 anos: Desenvolvimento da capacidade simbólica (símbolos
mentais: imagens e palavras que representam objetos ausentes); explosão linguística;
característica do pensamento (egocentrismo, intuição); pensamento variante das
ações externas.
* Terceiro Estágio:
Operatório Concreto- 7-11 anos: capacidade de ação interna. Características da operação:
reversibilidade/variância; conservação (quantidade, constância, peso, volume)
descentração/capacidade de seriação/capacidade de classificação.
* Quarto Estágio:
Operacional-formal (abstrato)11 anos a operação se realiza através da
linguagem, de conceitos. O raciocínio é hipotético-dedutivo. Capacidade de
sair-se bem com as palavras e independência em relação ao recurso concreto
permite: ganho de tempo, aprofundamento do conhecimento.
Sigmund Freud afirma
quanto à afetividade que os dados fornecidos pela psicanálise têm consequências
importantes para a compreensão das relações inter-humanas, principalmente ao
mostrar que o objeto de relação é um objeto individual construído pelo mundo
fantástico variando com nossos investimentos e em função de nossa historia e de
nossos estados afetivos.
Já Henry Wallon o qual não
separou o aspecto cognitivo do afetivo. Dá espaço às emoções como formação intermediaria
entre o corpo, sua filosofia, seus reflexos e as condutas psíquicas de
adaptação. A atuação esta estritamente ligada ao movimento, e as posturas são
as primeiras figuras de expressão e comunicação que servirão de base ao pensamento
concebido como uma forma de ação. Segundo ele, o movimento é a base do pensamento
é a primeira forma de integração com o exterior.
Afetividade:
alguns conceitos
A afetividade papel fundamental nas
correlações psicossomáticas ale de influenciar a percepção, a memória, o
pensamento, as ações e a vontade, sendo um componente essencial da harmonia e o
equilíbrio.
Afetividade é definida da
seguinte forma: conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de
emoções sentimentos e paixões, acompanhadas sempre da impressão de dor ou
prazer, de satisfação ou insatisfação.
A
afetividade na educação infantil
Vygotsky (apud, LA TAILLE, 1992, pág.
11), propôs a construção de uma nova psicologia, fundamentada no materialismo histórico
e dialético. Aprofundou seus estudos
sobre o funcionamento dos aspectos cognitivos, mais precisamente as funções
mentais e a consciência. Usa a função mental
para refletir sobre processos como pensamento memória, percepção e
atenção. A organização dinâmica da
consciência aplica-se ao afeto e ao intelecto.
Conforme LA TAILLE (1992, pág.
76), Vygotsky explica que o pensamento tem origem na esfera da motivação, a qual
inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, emoções e afeto.
Para Piaget, o
desenvolvimento intelectual tem dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo
ao desenvolvimento cognitivo esta o desenvolvimento afetivo, sendo que afeto inclui
sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.
Por sua vez, na
psicogenética oralidade no âmbito da educação infantil, a inter-relação da
professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, dá-se
o tempo todo, na sala, no pátio ou nos passeios, e é em função dessa
proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento
altamente envolvente.
Saltini afirma que (1997, pág.
89) essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento. Nesse caso o professor serve de continente para
a criança. Continente podemos dizer que é
o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções onde elas tomam um
sentido, um peso e um respeito, onde elas são acolhidas e valorizadas.
Assim quando a criança
percebe que a professora gosta dela e apresenta qualidades dedicação, vontade
de ajudar, atitude a aprendizagem se torna mais fácil, ao conhecer o aluno o
professor deve aproveitar ao máximo suas aptidões e estimulá-la para o
ensino. Caso contrário só prejudica o aluno.
A todo o momento, estamos recebendo crianças com baixa auto estima,
dificuldades em aprender ou se entrosar com os coleguinhas e os rotulamos de
complicadas, e não nos colocamos diante delas e muitas vezes, não conseguimos
entender o motivo. (Chardelli
, 2002)
A relação que se
estabelece com o grupo como um todo e a pessoal com cada criança são
diferenciados em todos os seus aspectos quantitativos e cognitivos
respeitando-se a maturidade de seu pensamento e a individualidade. E,
finalmente, como também sugere Saltini (1997, p. 92), “o interesse da criança é
que programa o dia e não vice-versa, visando assim o entusiasmo do grupo e
energizando o conhecimento”.
A relação que se
estabelece com o grupo como um todo e a pessoal com cada criança são diferenciados
em todos os seus aspectos quantitativos e cognitivos respeitando-se a
maturidade de seu pensamento e a individualidade. “O interesse da criança é que programa o dia
e não vice-versa, visando assim o entusiasmo do grupo e energizando o
conhecimento”.
Considerações Finais
Para que a criança tenha um
desenvolvimento saudável e adequado dentro do ambiente escolar, e consequentemente
no social, é necessário que haja um estabelecimento de relações interpessoais
positivas, como aceitação e apoio,
possibilitando assim o sucesso dos objetivos educativos.
Na condição de educadores,
precisamos estar atentos ao fato de que, enquanto não dermos atenção à relação
afetiva de educador - educando, corremos o risco de estarmos só trabalhando com
a construção do próprio sujeito – que envolve valores e o próprio caráter –
necessário para o seu desenvolvimento integral.
Desde o jardim de infância,
a escola torna-se o centro da vida extrafamiliar, ocupando a maior parte do
período de vigília. Os professores que a criança tem os métodos de ensino e os tipos
de livros-textos aos quais é exposta terão efeitos importantes não apenas para
o processo acadêmico, como também na capacidade geral para encarar a vida,
dominar problemas e desafios novos, levando o educando a autoconfiança e autoestima.
Está, portanto, mais do que
evidenciada por estudiosos, pesquisadores e especialistas, a necessidade de se cuidar
do aspecto afetivo no processo ensino-aprendizagem, levando em conta que a criança
é diferente, cognitiva e afetivamente falando, em cada fase do seu desenvolvimento.