segunda-feira, 4 de junho de 2012

FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA... 3

                                                                                           Eugenia Nelci Karas[1]
Resumo
     Para que a criança tenha um desenvolvimento saudável e adequado dentro do ambiente escolar e consequentemente no social é preciso estabelecer relações interpessoais positivas, como aceitação e apoio, possibilitando assim o sucesso dos objetivos educativos. Pois sabemos que a escola é o primeiro agente socializador fora do circulo familiar da criança, sendo assim a base da aprendizagem é condição necessária para que ela se sinta segura.
Palavra-chave: Afetividade, aprendizagem, relações interpessoais, desenvolvimento.
As escolas deveriam entender bem mais de Seres humanos do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não entender de amor, sonhos e fantasias. (Cláudio Santini)

     Toda criança deseja e necessita ser amada, aceitada e acolhida, ouvida para que possa. Despertar para a vida e o aprendizado. E o professor é quem prepara e organiza o micro universo da busca e do interesse. A postura desse profissional se manifesta na percepção e na sensibilidade ao interesse das crianças que em cada, diferem em seu pensamento e modo de sentir o mundo.
    No presente artigo pretende-se fazer uma abordagem sobre as FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA, destacando alguns conceitos, teorias, enfatizando sua importância no processo de ensino e aprendizagem. Portanto na primeira parte, apresenta-se uma breve abordagem das teorias da psicologia do desenvolvimento, baseada principalmente em Piaget. Num segundo momento serão dados alguns conceitos sobre afetividade.  Por fim o tema da afetividade na educação infantil, que é o cerne do presente artigo.

Considerações sobre a psicologia do desenvolvimento
Para compreendermos o tema da afetividade na educação infantil, primeiramente, se fazem necessárias tratar da Psicologia do Desenvolvimento Infantil, especialmente o desenvolvimento cognitivo estudado por Jean Piaget.
A infância se caracteriza como sendo o período de adaptação progressiva ao meio físico e social. A adaptação aqui é “equilíbrio”, cuja adaptação dura toda a infância e adolescência e define a estruturação própria destes períodos existenciais.  Jean Piaget ensina (1985), “educar é adaptar o individuo ao meio social ambiente”.
Quando se trata de educação infantil no contexto da educação moderna é preciso considerar quatro pontos fundamentais: a significação da infância, a estrutura do pensamento da criança, as leis de desenvolvimento e o mecanismo da vida social infantil.
Piaget um dos grandes estudiosos da psicologia do desenvolvimento dedicou-se ao estudo do desenvolvimento cognitivo, ou seja, a gênese da inteligência e da lógica. Ele concluiu pela existência de quatro estágios ou fases do desenvolvimento da inteligência. Cada estágio com suas características através do qual a criança constrói seu conhecimento.
* Primeiro estagio: sensório motor (ou pratico) 0-2 anos: trabalho mental: nesta fase estabelece relações entre as ações e as modificações que elas provocam no ambiente físico; exercício dos reflexos; manipulação do mundo por meio das ações.  Ao final constância /permanência do objeto.
* Segundo Estágio: Pré-operatório (ou intuitivo) 2-6 anos: Desenvolvimento da capacidade simbólica (símbolos mentais: imagens e palavras que representam objetos ausentes); explosão linguística; característica do pensamento (egocentrismo, intuição); pensamento variante das ações externas.
* Terceiro Estágio: Operatório Concreto- 7-11 anos: capacidade de ação interna. Características da operação: reversibilidade/variância; conservação (quantidade, constância, peso, volume) descentração/capacidade de seriação/capacidade de classificação.
* Quarto Estágio: Operacional-formal (abstrato)11 anos a operação se realiza através da linguagem, de conceitos. O raciocínio é hipotético-dedutivo. Capacidade de sair-se bem com as palavras e independência em relação ao recurso concreto permite: ganho de tempo, aprofundamento do conhecimento.
Sigmund Freud afirma quanto à afetividade que os dados fornecidos pela psicanálise têm consequências importantes para a compreensão das relações inter-humanas, principalmente ao mostrar que o objeto de relação é um objeto individual construído pelo mundo fantástico variando com nossos investimentos e em função de nossa historia e de nossos estados afetivos.
Já Henry Wallon o qual não separou o aspecto cognitivo do afetivo. Dá espaço às emoções como formação intermediaria entre o corpo, sua filosofia, seus reflexos e as condutas psíquicas de adaptação. A atuação esta estritamente ligada ao movimento, e as posturas são as primeiras figuras de expressão e comunicação que servirão de base ao pensamento concebido como uma forma de ação. Segundo ele, o movimento é a base do pensamento é a primeira forma de integração com o exterior.

Afetividade: alguns conceitos
 A afetividade papel fundamental nas correlações psicossomáticas ale de influenciar a percepção, a memória, o pensamento, as ações e a vontade, sendo um componente essencial da harmonia e o equilíbrio.
Afetividade é definida da seguinte forma: conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções sentimentos e paixões, acompanhadas sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação.

A afetividade na educação infantil
         Vygotsky (apud, LA TAILLE, 1992, pág. 11), propôs a construção de uma nova psicologia, fundamentada no materialismo histórico e dialético.   Aprofundou seus estudos sobre o funcionamento dos aspectos cognitivos, mais precisamente as funções mentais e a consciência.  Usa a função mental para refletir sobre processos como pensamento memória, percepção e atenção.  A organização dinâmica da consciência aplica-se ao afeto e ao intelecto.
Conforme LA TAILLE (1992, pág. 76), Vygotsky explica que o pensamento tem origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, emoções e afeto.
Para Piaget, o desenvolvimento intelectual tem dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo esta o desenvolvimento afetivo, sendo que afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.
Por sua vez, na psicogenética oralidade no âmbito da educação infantil, a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, dá-se o tempo todo, na sala, no pátio ou nos passeios, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente.
Saltini afirma que (1997, pág. 89) essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.  Nesse caso o professor serve de continente para a criança.  Continente podemos dizer que é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, onde elas são acolhidas e valorizadas.
Assim quando a criança percebe que a professora gosta dela e apresenta qualidades dedicação, vontade de ajudar, atitude a aprendizagem se torna mais fácil, ao conhecer o aluno o professor deve aproveitar ao máximo suas aptidões e estimulá-la para o ensino.  Caso contrário só prejudica o aluno.
                                                                    
A todo o momento, estamos recebendo crianças com baixa auto estima, dificuldades em aprender ou se entrosar com os coleguinhas e os rotulamos de complicadas, e não nos colocamos diante delas e muitas vezes, não conseguimos entender o motivo. (Chardelli , 2002)

           A relação que se estabelece com o grupo como um todo e a pessoal com cada criança são diferenciados em todos os seus aspectos quantitativos e cognitivos respeitando-se a maturidade de seu pensamento e a individualidade. E, finalmente, como também sugere Saltini (1997, p. 92), “o interesse da criança é que programa o dia e não vice-versa, visando assim o entusiasmo do grupo e energizando o conhecimento”.
A relação que se estabelece com o grupo como um todo e a pessoal com cada criança são diferenciados em todos os seus aspectos quantitativos e cognitivos respeitando-se a maturidade de seu pensamento e a individualidade.  “O interesse da criança é que programa o dia e não vice-versa, visando assim o entusiasmo do grupo e energizando o conhecimento”.

Considerações Finais
Para que a criança tenha um desenvolvimento saudável e adequado dentro do ambiente escolar, e consequentemente no social, é necessário que haja um estabelecimento de relações interpessoais positivas, como aceitação  e apoio, possibilitando assim o sucesso dos objetivos educativos.
Na condição de educadores, precisamos estar atentos ao fato de que, enquanto não dermos atenção à relação afetiva de educador - educando, corremos o risco de estarmos só trabalhando com a construção do próprio sujeito – que envolve valores e o próprio caráter – necessário para o seu desenvolvimento integral.
Desde o jardim de infância, a escola torna-se o centro da vida extrafamiliar, ocupando a maior parte do período de vigília. Os professores que a criança tem os métodos de ensino e os tipos de livros-textos aos quais é exposta terão efeitos importantes não apenas para o processo acadêmico, como também na capacidade geral para encarar a vida, dominar problemas e desafios novos, levando o educando a autoconfiança e autoestima.
Está, portanto, mais do que evidenciada por estudiosos, pesquisadores e especialistas, a necessidade de se cuidar do aspecto afetivo no processo ensino-aprendizagem, levando em conta que a criança é diferente, cognitiva e afetivamente falando, em cada fase do seu desenvolvimento.


[1] Acadêmica do Curso de Pedagogia a Distância – UFPel/UAB Polo  de Cerro Largo - RS