Zélia Maria Mirek[1]
Olga Maria Schneider Medeiros[2]
Aírton Pedroso de Morais[3]
Resumo: A Educação a
Distância tem sido considerada, atualmente, como uma das mais importantes
alternativas ao ensino presencial, começando a despontar no mundo como uma nova
modalidade de ensino, devido às suas vantagens, área de atuação e à sua
flexibilização, suprimindo lacunas existentes na educação tradicional,
principalmente para pessoas que trabalham e estudam concomitantemente. A
preocupação da sociedade com a qualidade do ensino, o crescimento da demanda
por formação continuada e a constante evolução das tecnologias da informação e
da comunicação, colocam a Educação a Distância no centro das atenções. Nesse
sentido, o presente trabalho tem como objetivo estudar as alterações causadas
no processo de ensino-aprendizagem, via Internet.
Apresenta-se a fundamentação teórica com o embasamento na experiência acadêmica,
a Educação a Distância e suas características essenciais. O texto trata de uma
pesquisa qualitativa e apresenta resultados parciais, obtidos através da
análise dos métodos oferecidos pela Universidade Federal de Pelotas na
graduação de LPD fundamentados em fatos vivenciados e amparados nas pesquisas
realizadas. As conclusões apontam para a viabilidade das iniciativas de
implementação da Educação a Distância com um alto grau de importância
considerando-se que essas iniciativas tornarão o acesso à educação superior
disponível a um grande universo de interessados, atendendo a crescente
necessidade de formação e qualificação de recursos humanos na sociedade atual.
Palavras
Chave:
Educação a distância; Internet;
Qualidade de ensino.
Eixo IV: Perspectivas
em EAD.
1. Introdução
O
mundo contemporâneo apresenta mudanças que afetam todos os setores da
sociedade. Apesar da crônica desigualdade social e da elevada concentração de
renda revelada pelas estatísticas, o Brasil criou condições para crescer e
repartir sua riqueza com mais justiça. O século passado deixou uma lição: a
educação é o caminho mais eficiente para o país erradicar ou ao menos amenizar
suas chagas sociais. A educação está na pauta das discussões em todos os
setores da sociedade.
A auto-aprendizagem é hoje uma
necessidade que diversos meios de comunicação possibilitam às pessoas de todas
as camadas sociais, seja onde estiverem. Requer autodisciplina e independência
no ato de aprender uma vez que o indivíduo é o centro do processo de
aprendizagem e, como tal, o seu objetivo determinará a aprendizagem, pois
desenvolverá seus estudos conforme o ritmo próprio e o espaço no qual estiver
inserido.
A Educação a Distância mediada
pelo computador surge como forma de democratizar o acesso ao conhecimento. É
através dela que poderemos ampliar a acessibilidade aos cursos superiores
oferecidos no Brasil.
O
objetivo deste trabalho é realizar um estudo das alterações causadas no
processo ensino-aprendizagem tradicional através da viabilidade de
implementação de cursos a distância como ferramenta, via Internet, para o acesso ao Ensino Superior.
O modo de investigação que
fundamenta este trabalho é caracterizado pela experiência vivenciada no curso
de Licenciatura em Pedagogia na modalidade EAD, além de pesquisas sobre a
temática. Tais parâmetros servirão de balizadores para a construção dos
enfoques que serão tratados na conclusão, porém não são únicos e nem se
encerram em si mesmos.
2. Educação a Distância
Inserida em uma sociedade que está mudando as suas formas
de se organizar, de produzir bens, de comercializá-los, de se divertir, de
ensinar e de aprender, a área de educação está muito pressionada por mudanças,
assim como acontece com as demais organizações e é caminho fundamental para a
transformação da sociedade.
A Internet tem
proporcionado novas oportunidades, bem como alterações em atividade cotidianas,
as quais muitos não estão preparados para vivenciar. Simultaneamente ao excesso
de inovações tecnológicas, surge uma nova geração que lida com a tecnologia
desde seus primeiros anos de vida, consequentemente lidando com novos processos
de informação, o que afeta suas estruturas mentais.
Tajra (2002) e Rodrigues (2002) afirmam, respectivamente:
“Vive-se um período
revolucionário que vai além dos computadores e das inovações na área das telecomunicações.
As mudanças estão ocorrendo nas áreas econômicas, sociais, culturais,
políticas, religiosas, institucionais e, até mesmo, filosóficas. Uma nova
civilização está nascendo, o que envolve uma nova maneira de viver. As
tecnologias estão sendo associadas aos computadores, à Internet, às evoluções
da microeletrônica e das telecomunicações, mas as novas tecnologias vão além
destas. Elas passam pelas formas de se organizar, de pensar, de produzir e de
fazer a Ciência”.
(TAJRA, 2002, p. 30).
“O modelo tradicional
regular de ensino depende da sala de aula, que obriga alunos e professores a se
deslocarem para um mesmo espaço físico onde são mantidas as relações de troca e
aprendizado. A graduação e a pós-graduação, nesse caso, ficam condicionadas a
alternativas do sistema regular”. (Rodrigues, 2002, p. 12).
É nesse contexto que uma parcela de estudantes
brasileiros recorre a cursos de Educação a Distância.
As
primeiras abordagens conceituais, que qualificavam a EAD pelo que ela não era,
tomavam um referencial externo ao próprio objeto como paradigma, pois
estabeleciam comparação imediata com a educação presencial, também denominada
educação tradicional, convencional, direta ou face-a-face, onde o professor,
presente em sala de aula, é a figura central. Somente a partir das pesquisas
dos anos 70 e 80, a
EAD foi vista pelo que é, ou seja, a partir das características que a
determinam ou por seus elementos constitutivos.
Estudos mais recentes apontam
para uma conceituação mais precisa do que é Educação a Distância: Processo de
ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual os professores e alunos
estão separados espacial e/ou temporalmente.
Keegan
et al. (1991) sumarizam as características básicas que consideram
centrais aos conceitos de EAD:
·
Separação
física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial;
·
Influência
da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto,
organização dirigida), que a diferencia da educação individual;
·
Utilização
de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir o professor
ao aluno e transmitir os conteúdos educativos;
·
Previsão
de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um diálogo, e
da possibilidade de iniciativas de dupla via;
·
Possibilidades
de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização;
·
Participação
de uma forma industrializada de educação, a qual, se aceita, contém o gérmem de
uma radical distinção dos outros modos de desenvolvimento da função
educacional.
Geralmente, a opção pela EAD é feita por aquelas pessoas
que têm alguma dificuldade de engajar-se em um programa presencial no qual há a
necessidade de participar de aulas em horários e locais fixos.
“A comunicação é
realizada através de simuladores on-line,
em redes de computadores, avançando em direção da comunicação instantânea de
dados e voz, imagens, via satélite ou cabos de fibra ótica, com aplicação de
formas de grande interação entre o aluno e o centro produtor, quer
utilizando-se de inteligência artificial, ou mesmo de comunicação instantânea
com professores, tutores e monitores”. (OLIVEIRA, 2005).
2.1 Educação a Distância
no Brasil
O
uso da Internet na educação superior
é recente no Brasil, ao contrário do exterior, onde a oferta de cursos on-line é anterior à década de noventa.
No País, a recente disponibilização da Internet
para fins educacionais abre a perspectiva da experimentação de novas teorias
educacionais e suas respectivas matrizes filosóficas. Existem várias
iniciativas de ensino a distância, algumas utilizando vídeoconferência e outras
com projetos, via Web. Muitas
instituições estão fazendo parcerias com universidades do exterior para trazer tecnologia.
É importante observar que a Educação a Distância não pode ser vista como
substitutivo da educação convencional, presencial. São duas modalidades do
mesmo processo.
Nunes
(1994) “enumera rapidamente, alguns campos nos quais o ensino a distância
poderá ser utilizado dentro de um programa amplo de prestação de um serviço” que a nacionalidade está a exigir:
·
Democratização do saber;
·
Formação e capacitação profissional;
·
Capacitação e atualização de professores;
·
Educação aberta e continuada;
·
Educação para cidadania.
A
EAD não é um privilégio dos paises ricos ou de organizações poderosas. É, na
verdade, um dos melhores instrumentos para a inclusão social e para a melhoria
quantitativa e qualitativa da educação.
2.2 Um novo modelo educacional
A reengenharia do processo de ensino-aprendizagem se
apresenta com roupagem digital, o aprendizado ficou mais independente da sala
de aula e do material didático em papel, porém, “o nível de exigência de prazos
é idêntico aos dos cursos presenciais. A diferença é que não há horário fixo
para estudar”. (Vieira, 2002, p. 104).
Os
desafios para a formação educacional são os atributos que definem essa nova
sociedade: a virtualidade e a globalidade. A virtualidade para superar as
limitações espaciais ou temporais mediante o trabalho em rede. A globalidade como
condição para superar as fronteiras institucionais, linguísticas, culturais e
nacionais.
“No mundo de hoje, já
não temos porque vincular a aprendizagem a uma determinada etapa de nossas
vidas e a localização física concreta. Devemos assumir a aprendizagem e a
formação como um estilo de vida, de forma permanente. (Taquari,
2003, p. 28).
Não se pode
esquecer que por muito tempo o ensino presencial, graduação, pós-graduação e
outros, atuaram no modelo tradicional de educação em sala de aula com
professor. Quebrar esse paradigma referendado pela Educação a Distância requer
atrativos em ambientes digitais que no mínimo possam despertar o interesse do
aluno para essa avançada solução pedagógica em educação.
Para Moran et
al. (2004) “ao
elaborar o projeto que deverá ser discutido e vivenciado com os estudantes, o
professor deve apropriar-se de referenciais utilizados na sala de aula e fora
dela”. Cabe ao professor propor
aprendizagens colaborativas que avancem no sentido de contemplar recursos
inovadores.
2.3 EAD em cursos regulares
O estudante deve ser preparado logo no
início do curso para utilizar ferramentas on-line.
Desta forma, a universidade reduz o nível de rejeição ao método de Educação a Distância.
Na outra extremidade, os professores devem se acostumar
aos recursos de que dispõem para ensinar. Por esse motivo, as instituições investem
não apenas em tecnologia, mas em quem sabe usá-la. Daí a necessidade de
qualificação de profissionais como uma das principais políticas e estratégias
adotadas: capacitação de professores e estudos das verdadeiras necessidades da
EAD.
A coordenadora da área Acadêmico-pedagógica da PUC Minas,
afirma que:
“Os profissionais advindos do ensino a
distância são muito mais disputados no mercado. Existe até a preferência por
pessoas que optam pelo curso a distância. O motivo é simples: são alunos com
maior autonomia, disciplina e capacidade de interação. Essas competências são
apreciadas pelo mercado”.
(ARNOLD, 2002, p. 3).
3. Resultados parciais
A
utilização adequada das tecnologias disponíveis, aliadas aos meios de
comunicação, oferece à educação importantes instrumentos, capazes de contribuir
para a melhoria da acessibilidade ao processo de ensino-aprendizagem,
resultando impactos que estimulam a criação de novas maneiras de aprender e
propiciam o surgimento de novos ambientes educacionais e também colaboram com o
desenvolvimento de reflexões mentais, que favorecem a imaginação, a intuição, a
capacidade de decisão e a criatividade, fundamentais para a sobrevivência
individual e coletiva.
Os
obstáculos impostos a um treinamento realizado através Internet no que concerne à comunicação e as suas dificuldades
intrínsecas estão relacionadas a uma certa confusão entre informação e
conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis, propiciando
uma certa dispersão. O aluno deverá possuir disciplina, perfil autodidata e
organização para saber diferenciar o que é interessante e não perder tempo com
informações pouco significativas. Quanto às comunicações, estas, apesar de
algumas melhorias, ainda encontram dificuldades, principalmente de velocidades
de transmissão do canal de entrega e são o grande desafio para o sucesso de
iniciativas em EAD.
4. Considerações
finais
Neste
trabalho foram abordadas questões relacionadas a Educação a Distância e sua
viabilidade como ferramenta de aplicação para a acessibilidade ao Ensino
Superior, utilizando-se da Internet
como meio de disseminação. A EAD é uma alternativa tecnológica que se apresenta
em nível mundial e, especificamente, na sociedade brasileira, como um caminho
privilegiado de democratização do saber. Representa bem o mundo de hoje, no que
se refere a sua dinâmica espacial. Vivemos na época das infovias, das
infografias e do transporte virtual de sons e imagens através da Internet, que vem se confirmando como
importante instrumento de destaque nos cursos de Educação a Distância. Com uma
responsável e adequada utilização desse recurso tecnológico e sem ignorar as
dificuldades existentes no País, conclui-se que a Educação a Distância deve ser
cada dia mais utilizada na educação brasileira, proporcionando um aprendizado
tecnologicamente rico, permitindo aos alunos acesso a uma grande variedade de
mídias, bem como a um grande número de fontes de educação, possibilitando a
supressão das distâncias geográficas, econômicas, sociais e culturais,
permitindo-lhes organizar o seu tempo de estudo e universalizando as oportunidades de
aprendizado.
Não
reconhecer a EAD como uma forma de ensino alternativo que traz grandes
benefícios ao processo de ensino-aprendizagem é, no mínimo, uma posição
conservadora, que trará prejuízos para toda sociedade. É possível ensinar e
aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas
formas de comunicação virtual.
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[1] Acadêmica de Licenciatura em Pedagogia a Distância LPD - UFPEL Pólo
Cerro Largo RS. zéliamirek@via-rs.net
[2] Acadêmica de Licenciatura em Pedagogia a Distância LPD - UFPEL Pólo
Cerro Largo RS. olgamsmedeiros@gmail.com
[3] Mestre
em Engenharia da Produção – UFSM RS. airton@iesanet.com.br