segunda-feira, 30 de julho de 2012

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VIA INTERNET: UMA OPÇÃO PARA A ACESSIBILIDADE AO ENSINO SUPERIOR


Zélia Maria Mirek[1]

Olga Maria Schneider Medeiros[2]

Aírton Pedroso de Morais[3]



Resumo: A Educação a Distância tem sido considerada, atualmente, como uma das mais importantes alternativas ao ensino presencial, começando a despontar no mundo como uma nova modalidade de ensino, devido às suas vantagens, área de atuação e à sua flexibilização, suprimindo lacunas existentes na educação tradicional, principalmente para pessoas que trabalham e estudam concomitantemente. A preocupação da sociedade com a qualidade do ensino, o crescimento da demanda por formação continuada e a constante evolução das tecnologias da informação e da comunicação, colocam a Educação a Distância no centro das atenções. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo estudar as alterações causadas no processo de ensino-aprendizagem, via Internet. Apresenta-se a fundamentação teórica com o embasamento na experiência acadêmica, a Educação a Distância e suas características essenciais. O texto trata de uma pesquisa qualitativa e apresenta resultados parciais, obtidos através da análise dos métodos oferecidos pela Universidade Federal de Pelotas na graduação de LPD fundamentados em fatos vivenciados e amparados nas pesquisas realizadas. As conclusões apontam para a viabilidade das iniciativas de implementação da Educação a Distância com um alto grau de importância considerando-se que essas iniciativas tornarão o acesso à educação superior disponível a um grande universo de interessados, atendendo a crescente necessidade de formação e qualificação de recursos humanos na sociedade atual.



Palavras Chave: Educação a distância; Internet; Qualidade de ensino.

Eixo IV: Perspectivas em EAD.



 


1. Introdução


O mundo contemporâneo apresenta mudanças que afetam todos os setores da sociedade. Apesar da crônica desigualdade social e da elevada concentração de renda revelada pelas estatísticas, o Brasil criou condições para crescer e repartir sua riqueza com mais justiça. O século passado deixou uma lição: a educação é o caminho mais eficiente para o país erradicar ou ao menos amenizar suas chagas sociais. A educação está na pauta das discussões em todos os setores da sociedade.

A auto-aprendizagem é hoje uma necessidade que diversos meios de comunicação possibilitam às pessoas de todas as camadas sociais, seja onde estiverem. Requer autodisciplina e independência no ato de aprender uma vez que o indivíduo é o centro do processo de aprendizagem e, como tal, o seu objetivo determinará a aprendizagem, pois desenvolverá seus estudos conforme o ritmo próprio e o espaço no qual estiver inserido.

A Educação a Distância mediada pelo computador surge como forma de democratizar o acesso ao conhecimento. É através dela que poderemos ampliar a acessibilidade aos cursos superiores oferecidos no Brasil.

O objetivo deste trabalho é realizar um estudo das alterações causadas no processo ensino-aprendizagem tradicional através da viabilidade de implementação de cursos a distância como ferramenta, via Internet, para o acesso ao Ensino Superior.

O modo de investigação que fundamenta este trabalho é caracterizado pela experiência vivenciada no curso de Licenciatura em Pedagogia na modalidade EAD, além de pesquisas sobre a temática. Tais parâmetros servirão de balizadores para a construção dos enfoques que serão tratados na conclusão, porém não são únicos e nem se encerram em si mesmos.



2. Educação a Distância


Inserida em uma sociedade que está mudando as suas formas de se organizar, de produzir bens, de comercializá-los, de se divertir, de ensinar e de aprender, a área de educação está muito pressionada por mudanças, assim como acontece com as demais organizações e é caminho fundamental para a transformação da sociedade.

A Internet tem proporcionado novas oportunidades, bem como alterações em atividade cotidianas, as quais muitos não estão preparados para vivenciar. Simultaneamente ao excesso de inovações tecnológicas, surge uma nova geração que lida com a tecnologia desde seus primeiros anos de vida, consequentemente lidando com novos processos de informação, o que afeta suas estruturas mentais.

Tajra (2002) e Rodrigues (2002) afirmam, respectivamente:

Vive-se um período revolucionário que vai além dos computadores e das inovações na área das telecomunicações. As mudanças estão ocorrendo nas áreas econômicas, sociais, culturais, políticas, religiosas, institucionais e, até mesmo, filosóficas. Uma nova civilização está nascendo, o que envolve uma nova maneira de viver. As tecnologias estão sendo associadas aos computadores, à Internet, às evoluções da microeletrônica e das telecomunicações, mas as novas tecnologias vão além destas. Elas passam pelas formas de se organizar, de pensar, de produzir e de fazer a Ciência”. (TAJRA, 2002, p. 30).

“O modelo tradicional regular de ensino depende da sala de aula, que obriga alunos e professores a se deslocarem para um mesmo espaço físico onde são mantidas as relações de troca e aprendizado. A graduação e a pós-graduação, nesse caso, ficam condicionadas a alternativas do sistema regular”. (Rodrigues, 2002, p. 12).

É nesse contexto que uma parcela de estudantes brasileiros recorre a cursos de Educação a Distância.

As primeiras abordagens conceituais, que qualificavam a EAD pelo que ela não era, tomavam um referencial externo ao próprio objeto como paradigma, pois estabeleciam comparação imediata com a educação presencial, também denominada educação tradicional, convencional, direta ou face-a-face, onde o professor, presente em sala de aula, é a figura central. Somente a partir das pesquisas dos anos 70 e 80, a EAD foi vista pelo que é, ou seja, a partir das características que a determinam ou por seus elementos constitutivos.

Estudos mais recentes apontam para uma conceituação mais precisa do que é Educação a Distância: Processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual os professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.

Keegan et al. (1991) sumarizam as características básicas que consideram centrais aos conceitos de EAD:

·         Separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial;

·         Influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto, organização dirigida), que a diferencia da educação individual;

·         Utilização de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos;

·         Previsão de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um diálogo, e da possibilidade de iniciativas de dupla via;

·         Possibilidades de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização;

·         Participação de uma forma industrializada de educação, a qual, se aceita, contém o gérmem de uma radical distinção dos outros modos de desenvolvimento da função educacional.

Geralmente, a opção pela EAD é feita por aquelas pessoas que têm alguma dificuldade de engajar-se em um programa presencial no qual há a necessidade de participar de aulas em horários e locais fixos.

“A comunicação é realizada através de simuladores on-line, em redes de computadores, avançando em direção da comunicação instantânea de dados e voz, imagens, via satélite ou cabos de fibra ótica, com aplicação de formas de grande interação entre o aluno e o centro produtor, quer utilizando-se de inteligência artificial, ou mesmo de comunicação instantânea com professores, tutores e monitores”. (OLIVEIRA, 2005).



2.1 Educação a Distância no Brasil

O uso da Internet na educação superior é recente no Brasil, ao contrário do exterior, onde a oferta de cursos on-line é anterior à década de noventa. No País, a recente disponibilização da Internet para fins educacionais abre a perspectiva da experimentação de novas teorias educacionais e suas respectivas matrizes filosóficas. Existem várias iniciativas de ensino a distância, algumas utilizando vídeoconferência e outras com projetos, via Web. Muitas instituições estão fazendo parcerias com universidades do exterior para trazer tecnologia. É importante observar que a Educação a Distância não pode ser vista como substitutivo da educação convencional, presencial. São duas modalidades do mesmo processo.

Nunes (1994) “enumera rapidamente, alguns campos nos quais o ensino a distância poderá ser utilizado dentro de um programa amplo de prestação de um serviço” que a nacionalidade está a exigir:

·        Democratização do saber;

·        Formação e capacitação profissional;

·        Capacitação e atualização de professores;

·        Educação aberta e continuada;

·        Educação para cidadania.

A EAD não é um privilégio dos paises ricos ou de organizações poderosas. É, na verdade, um dos melhores instrumentos para a inclusão social e para a melhoria quantitativa e qualitativa da educação.



2.2 Um novo modelo educacional

A reengenharia do processo de ensino-aprendizagem se apresenta com roupagem digital, o aprendizado ficou mais independente da sala de aula e do material didático em papel, porém, “o nível de exigência de prazos é idêntico aos dos cursos presenciais. A diferença é que não há horário fixo para estudar”. (Vieira, 2002, p. 104).

Os desafios para a formação educacional são os atributos que definem essa nova sociedade: a virtualidade e a globalidade. A virtualidade para superar as limitações espaciais ou temporais mediante o trabalho em rede. A globalidade como condição para superar as fronteiras institucionais, linguísticas, culturais e nacionais.

“No mundo de hoje, já não temos porque vincular a aprendizagem a uma determinada etapa de nossas vidas e a localização física concreta. Devemos assumir a aprendizagem e a formação como um estilo de vida, de forma permanente. (Taquari, 2003, p. 28).

Não se pode esquecer que por muito tempo o ensino presencial, graduação, pós-graduação e outros, atuaram no modelo tradicional de educação em sala de aula com professor. Quebrar esse paradigma referendado pela Educação a Distância requer atrativos em ambientes digitais que no mínimo possam despertar o interesse do aluno para essa avançada solução pedagógica em educação.

Para Moran et al. (2004) “ao elaborar o projeto que deverá ser discutido e vivenciado com os estudantes, o professor deve apropriar-se de referenciais utilizados na sala de aula e fora dela”.  Cabe ao professor propor aprendizagens colaborativas que avancem no sentido de contemplar recursos inovadores.



2.3 EAD em cursos regulares

O estudante deve ser preparado logo no início do curso para utilizar ferramentas on-line. Desta forma, a universidade reduz o nível de rejeição ao método de Educação a Distância.

Na outra extremidade, os professores devem se acostumar aos recursos de que dispõem para ensinar. Por esse motivo, as instituições investem não apenas em tecnologia, mas em quem sabe usá-la. Daí a necessidade de qualificação de profissionais como uma das principais políticas e estratégias adotadas: capacitação de professores e estudos das verdadeiras necessidades da EAD.

A coordenadora da área Acadêmico-pedagógica da PUC Minas, afirma que:

“Os profissionais advindos do ensino a distância são muito mais disputados no mercado. Existe até a preferência por pessoas que optam pelo curso a distância. O motivo é simples: são alunos com maior autonomia, disciplina e capacidade de interação. Essas competências são apreciadas pelo mercado”. (ARNOLD, 2002, p. 3).



3. Resultados parciais


A utilização adequada das tecnologias disponíveis, aliadas aos meios de comunicação, oferece à educação importantes instrumentos, capazes de contribuir para a melhoria da acessibilidade ao processo de ensino-aprendizagem, resultando impactos que estimulam a criação de novas maneiras de aprender e propiciam o surgimento de novos ambientes educacionais e também colaboram com o desenvolvimento de reflexões mentais, que favorecem a imaginação, a intuição, a capacidade de decisão e a criatividade, fundamentais para a sobrevivência individual e coletiva.

Os obstáculos impostos a um treinamento realizado através Internet no que concerne à comunicação e as suas dificuldades intrínsecas estão relacionadas a uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis, propiciando uma certa dispersão. O aluno deverá possuir disciplina, perfil autodidata e organização para saber diferenciar o que é interessante e não perder tempo com informações pouco significativas. Quanto às comunicações, estas, apesar de algumas melhorias, ainda encontram dificuldades, principalmente de velocidades de transmissão do canal de entrega e são o grande desafio para o sucesso de iniciativas em EAD.



4. Considerações finais

Neste trabalho foram abordadas questões relacionadas a Educação a Distância e sua viabilidade como ferramenta de aplicação para a acessibilidade ao Ensino Superior, utilizando-se da Internet como meio de disseminação. A EAD é uma alternativa tecnológica que se apresenta em nível mundial e, especificamente, na sociedade brasileira, como um caminho privilegiado de democratização do saber. Representa bem o mundo de hoje, no que se refere a sua dinâmica espacial. Vivemos na época das infovias, das infografias e do transporte virtual de sons e imagens através da Internet, que vem se confirmando como importante instrumento de destaque nos cursos de Educação a Distância. Com uma responsável e adequada utilização desse recurso tecnológico e sem ignorar as dificuldades existentes no País, conclui-se que a Educação a Distância deve ser cada dia mais utilizada na educação brasileira, proporcionando um aprendizado tecnologicamente rico, permitindo aos alunos acesso a uma grande variedade de mídias, bem como a um grande número de fontes de educação, possibilitando a supressão das distâncias geográficas, econômicas, sociais e culturais, permitindo-lhes organizar o seu tempo de estudo e  universalizando as oportunidades de aprendizado.

Não reconhecer a EAD como uma forma de ensino alternativo que traz grandes benefícios ao processo de ensino-aprendizagem é, no mínimo, uma posição conservadora, que trará prejuízos para toda sociedade. É possível ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas formas de comunicação virtual.





Referências

ARNOLD, S. B. T. Certificados são reconhecidos. Clipping Educacional, Belo Horizonte, p.3, set. 2002.



CASTRO, A. L. B. Educação a distância: princípios e fundamentos. Apresentado em Congresso. Belém, 1997.



KEEGAN, S. D. et al. Distance Education International Perspectives. London: Routllege, 1991.



MORAN, J. M.; MASSETO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 8.ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2004.



NUNES, I. B. Noções de educação a distância. Revista Educação a Distância. Brasília, n.4/5, p.7-25, dez.93-abr.94. Disponível em: <http://www.rau-tu.unicamp.br /nou-rau/ead/document/?code=3>. Acesso em: 16 nov. 2004.



OLIVEIRA, A. C. Educação a distância: uma opção do nosso tempo. Gestão Universitária. São Paulo, 25 abr. 2005. Disponível em: <http://www.gestaouniversitaria.com.br/index.php?origem=opiniao&idsec=1&pos=110>. Acesso em: 16 jun. 2005.



RODRIGUES, L. Novo endereço do campus: o computador. Ensino Superior, Seção Educação a Distância, São Paulo, ano 5, n. 48, p. 12-14, set. 2002.



TAJRA, S. F. Comunidades virtuais: um fenômeno da sociedade do conhecimento. São Paulo: Érica, 2002.



TAQUARI, C. Universidade on-line derruba fronteiras. Ensino Superior, Seção Entrevista, São Paulo, ano 6, n. 62, p. 22-28, nov. 2003.



VIEIRA, E. Quer um diploma? Use o mouse! Info Exame, Carreira ensino a distância, São Paulo, n. 199, p. 104-105, out. 2002.



[1] Acadêmica de Licenciatura em Pedagogia a Distância LPD - UFPEL Pólo Cerro Largo RS. zéliamirek@via-rs.net
[2] Acadêmica de Licenciatura em Pedagogia a Distância LPD - UFPEL Pólo Cerro Largo RS. olgamsmedeiros@gmail.com
[3] Mestre em Engenharia da Produção – UFSM RS. airton@iesanet.com.br

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