quinta-feira, 30 de junho de 2011

GESTAO DEMOCRATICA NA ESCOLA:

os desafios no âmbito da escola pública             
                                                                                  Ivone A. C. Schuster[1]


  1. Introdução
O presente artigo apresenta alguns posicionamentos e alguma discussão a respeito da gestão democrática da escola publica.
Decidi por esse tema, pois considero de suma importância a função do gestor da escola e de sua responsabilidade com a mesma.
O estudo deste texto inicia-se com fundamentos legais dos processos de gestão democrática e de participação nos sistemas de ensino e nas escolas publicas. Consideramos como um dos desafios deste novo século tornar a realidade os múltiplos sentidos que a palavra democracia apresenta. A questão central e como incentivar a ação das pessoas nos processos de gestão escolar. .
Transformar a escola num lugar onde se desenvolvam novas experiências e competências é  um desafio de todos, pais, professores, alunos, funcionários.
Os diretamente responsáveis pela Gestão da escola acham-se mais comprometidas em tornar a realidade para todos, uma educação básica de qualidade é a principal finalidade de seu trabalho.
Para cumprir seu papel, de contribuir para o pleno desenvolvimento da pessoa, prepará-la para a cidadania e a LDB, é necessário que suas incumbências sejam exercidas plenamente. Assim, é preciso ousar, construir uma escola onde todos sejam acolhidos e tenham sucesso.
 A participação dos mesmos acontece não somente para reuniões pedagógicas com o processo da elaboração do plano político pedagógico ou para dialogar sobre o desenvolvimento do processo educacional dos filhos, suas dificuldades e os seus  pontos relevantes. São momentos importantes que unem as vibrações de ver o filho participando e transmitindo aos pais àquilo que aprendeu. Passando aos pais uma mensagem de alegria, forca, entusiasmo e conhecimento. Este vinculo, família e escola fortalecem os laços de confiança e parceria entre a comunidade escolar e a família.

  1. Desafios da gestão democrática na escola publica
A gestão escolar, numa perspectiva democrática, tem características e exigências próprias. Para efetivá-las, devemos observar procedimentos que promovam o envolvimento, o comprometimento e a participação das pessoas.
O modo democrático de gestão abrange o exercício do poder, incluindo os processos de planejamento, a tomada de decisões e a avaliação dos resultados alcançados. Trata-se, portanto de fortalecer procedimentos de participação das comunidades escolar e local no governo da escola, descentralizando os processos de decisão e dividindo responsabilidades.
 Nas escolas e nos sistemas de ensino, a gestão democrática tem por objetivo envolver todos os segmentos interessados na construção de propostas coletivas de educação. Precisamos nos envolver na construção desse conhecimento para um melhor andamento e crescimento do grupo escolar.

Os argumentos que defendem a gestão democrática da escola pública, no intuito de construir um entendimento e apontar algumas alternativas para os principais problemas na implantação desta proposta determinada pela Lei 9394/96 em conformidade com os princípios constitucionais de 1988. (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Número 9.394/96, art.1).

 Neste contexto a instituição educativa sofre pressões externas e a sociedade tem demonstrado seu desagrado em relação ao trabalho realizado pelas instituições educacionais, visto os resultados do fracasso escolar, amplamente divulgados no país e em órgãos internacionais. Nessa ótica, os processos de gestão da escola vão alem da gestão administrativa.
 Esses processos procuram estimular a participação de diferentes pessoas e articular aspectos financeiros, pedagógicos e administrativos para atingir um objetivo especifico: promover uma educação de qualidade que abranja os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
A gestão democrática do ensino publica procura assegurar igualdade de condições de acesso e permanência, o pluralismo de idéias e um alto padrão de qualidade nas escolas, dentre outros fins.
Os procedimentos que assegurem a conquista da participação democrática nos processos escolares, igualdade de condições para acesso dos alunos e sua permanência, o pluralismo de idéias e um padrão de qualidade nas escolas. .
A democracia supõe a convivência e o dialogo entre pessoas distintas que pensam de modo diferente e querem coisas distintas.
            O aprendizado democrático implica a capacidade de discutir, elaborar e aceitar regras coletivamente, assim como a superação de obstáculos e divergências, por meio do dialogo, para a construção de propósitos comuns.
Uma gestão participativa do ensino publica busca, pelo dialogo e pela mobilização das pessoas, a criação de um projeto pedagógico e princípios de convivência democrática.
 Ao estabelecer a gestão democrática do ensino, o texto constitucional institui, ao mesmo tempo, o direito e o dever de participar de todos os que atuam nos sistemas e nas escolas publicas.
*O ensino será ministrado com base nos princípios:
*Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
*Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
*Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições publicas e privadas de ensino;
*Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
*Valorização dos profissionais de ensino.
*Gestão democrática de ensino público, na forma da lei;
*Garantia de padrão de qualidade.


  1. Considerações gerais
A participação e um processo educativo tanto para a equipe gestora quanto para os demais membros das comunidades escolar e local. Ela permite confrontar idéias, argumentar com base em diferentes pontos de vista, expor novas percepções e alternativas.
Esta participação proporciona mudanças significativas na vida das pessoas, na medida em que elas passam a se interessar e se sentir responsáveis por tudo que representa interesse comum, desde a fase de planejamento ate a implementação e avaliação.
A gestão democrática participativa constitui o modo de organização e funcionamento das escolas publicas. Isso as diferencia, pois nelas as experiências educativas envolvem necessariamente e exercício da cidadania. Alunos, pais professores, funcionários e membros da comunidade, ao participarem da vida escolar, educam e são educados na construção de um bem publico comum.
Na gestão democrática, pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola.
Tornar realidade para todos uma educação básica de qualidade é a principal finalidade do trabalho do gestor.
Quando construímos equipes com objetivos bem definidos coletivamente, ampliamos as possibilidades de atingir o resultado desejado. A doação e a socialização de atitudes positivas e claras favorecem a promoção de um ambiente mais favorável ao trabalho coletivo.
Ao pensar em gestão escolar, estamos necessariamente erguendo uma ponte entre a gestão política, administrativa e a pedagógica. Ou seja, a gestão escolar não começa
e nem termina nos estabelecimentos escolares, tanto que não se trata de unidade auto-suficiente para promover uma educação de qualidade.

  1. Referencias Bibliográficas
FERREIRA,  Naura S.C  e  AGUIAR, Marcia A. da S. Gestão  da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2000
FERREIRA, N. S. C. (Org.). Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
REVISTA: NOVA ESCOLA, Ano I- N 5- DEZEMBRO 2009/ JANEIRO 2010 Gestão Escolar, Semana pedagógica.
PROGESTAO, Programa de capacitação a Distancia para gestores escolares: Modulo II


[1] Acadêmica do Curso de Licenciatura a Distância – Polo de Cerro Largo-RS

GESTÃO ESCOLAR


                                                                                    Cleci T. Eidt Castro[1]



   INTRODUÇÃO

O presente artigo visa apresentar algumas informações a respeito da Gestão Escolar, estudar as associações apoiadoras que são fundamentais para um bom andamento e sucesso desta forma de administrar o Ensino Público.
O processo de Gestão Escolar deve se alicerçar na participação democrática, com o compromisso de fornecer a compreensão da necessidade de substituir as ideologias, manipulações tão comuns nos tempos atuais, para trabalhar um saber crítico, que possibilite a lucidez necessária ao exercício da profissão de educador e facilitador na aquisição do saber.                                                                            
O que motivou o estudo deste tema é o envolvimento pessoal e educação, por trabalhar em uma escola, conviver com conflitos advindos de atitudes provenientes da Gestão Escolar, com a participação ou a falta dela, dos componentes desta forma de administração.

  GESTÃO EDUCACIONAL

Podemos explicitar o que é gestão da educação, no contexto atual, a partir de suas origens: gestão (do latim gestione) significa ato de gerir, gerência, administração (FERREIRA.1999,p. 985). Gestão é administração, é tomada de decisões, é organização, direção. Relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização  a atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel. Constitui-se de preceitos e práticas decorrentes que afirmam ou negam os principais que as geram.
Sabe-se que , da formação que a escola propicia e administra, dependerá a vida futura de todos os que a ela tiveram acesso. É sabido, também, que a escola está inserida na “Sociedade global” refletindo os impactos e exigindo novos conteúdos de formação, novas formas de organização e Gestão da Educação, ressignificando o valor da teoria e da prática da administração da Educação (FERREIRA, 2002).
Para tanto as idéias em relação ao tema necessitam ser firmadas, explicitadas, compreendidas e partilhadas na tomada de decisões sobre a formação de cidadãos, que estejam aptos a dirigir o mundo e as instituições. Devemos criar condições para que os seres humanos exerçam e defendam a liberdade, pois Bobbio nos alerta:

[..] não importa o tanto que o indivíduo seja livre em “ relação ao Estado” se depois não é “livre na  sociedade”[...]não importa o tanto que o indivíduo seja livre politicamente se não é socialmente. Por baixo da falta de liberdade como sujeição, existe uma falta de liberdade mais fundamental, mais radical e objetiva, a falta de liberdade como submissão ao aparato produtivo e ideológico, que conduz não só á mercantilização do trabalho e da vida humana, como de todas as ações realizadas pelos cidadãos.  .

Na escola parceira os Gestores, contam com um amplo leque de facilitadores do processo de gestão, eles são legalmente constituídos e funcionam na forma da lei. São eles: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio Estudantil, Conselho de Classe.

CONSELHO ESCOLAR
            O Conselho Escolar é o órgão máximo ao nível da escola e têm funções consultivas, deliberativa, mobilizadora e fiscalizadora com prévia consulta aos seus pares.
            Na escola parceira o Conselho Escolar é atuante e trabalha em conjunto com os gestores. Representantes deste órgão participam da elaboração do Plano Político Pedagógico, fiscalizam e aprovam a gestão-administrativa pedagógica e financeira da comunidade escolar.
Elaborar o plano administrativo conjuntamente com a direção da escola sobre a programação e aplicação dos recursos para a manutenção e a conservação da Escola; Criar e garantir mecanismos de participação efetiva e democrática da comunidade escolar na definição do projeto político pedagógico da comunidade escolar;
Convocar assembleias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;
Definir o calendário escolar, no que competir á unidade, observando a legislação vigente;
Fiscalizar a gestão administrativo-pedagógica e financeira da comunidade escolar;
Emitir parecer conclusivo na prestação de contas.
            Demonstrando assim a importância e a competência deste órgão dentro do educandário.

ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES
            A Associação de Pais e Mestres tem por finalidade colaborar no aprimoramento do processo educacional, na assistência da escola e na integração família, escola e comunidade. Os objetivos são de natureza social e educativa. Todos os membros da comunidade podem participar na escola local.
           
 GRÊMIO ESTUDANTIL
            Na Escola o grêmio estudantil tem como objetivo unir os alunos em torno de um interesse comum, ou seja, ser intermediário entre os pleitos dos alunos e direção, ser facilitador do relacionamento entre gestores e educando.

CONSELHO DE CLASSE
            O Conselho de classe é uma atividade que se reúnem os professores da mesma série para chegar a um conhecimento mais aprofundado da turma ou individual para avaliar os alunos através das reuniões de classe.


CONCLUSÃO

Ao concluirmos esta caminhada onde buscamos conhecer de perto o cotidiano de uma Escola, podemos afirmar que somente com a participação efetiva e comprometida dos sujeitos que a compõem.
Temos liberdade de planejar e definir os rumos que queremos dar para a nossa ação no âmbito da escola e fazer desta ímpar ou não.
Concluímos que cabe a cada sujeito da Comunidade Escolar ocupar o espaço que lhe é assegurado por Lei e participar da tomada de decisões, contribuindo para a democratização da gestão escolar e promovendo a sua própria qualificação.
É responsabilidade das instituições de ensino garantir o acesso e a permanência de aluno na escola, criando para tanto mecanismos que colaboram para isto.
Enfim, é  indispensável que os educadores tenham uma postura democrática, dialógica, crítica, reflexiva, cooperativa e solidária e que buscam constantemente sua qualificação.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  
BOBBIO, N. Igualdad y liberdad. Barcelona: Paidós-ICE de la Universidad Autônoma de Barcelona, 1993.

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da Língua Portuguesa. 3 .ed.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

Gestão  democrática da educação: ressignificando conceitos e possibilidades. In: FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 


[1] Acadêmica do Curso de Licenciatura de Pedagogia a Distancia – Polo de Cerro Largo - RS

terça-feira, 28 de junho de 2011

EDUCANDO PEQUENOS CIDADÃOS HOJE

QUALIFICADOS NO AMANHÃ

Maguiliane Machado[1]

INTRODUÇÃO

Minha curiosidade em aprofundar o conhecimento sobre Educação Infantil, nasceu de uma substituição que fiz na ausência de uma professora dessa modalidade, na escola que faço parceria. Despertou em mim o interesse de entender como acontece o processo de ensino-aprendizagem, em como educar essas crianças que chegam à escola cheias de brilho nos olhos, “achando-se gente grande”, por estar ali apreensiva para aprender. Uso esse termo, porque muitas delas falam pra gente assim:
“Profe, eu já sou grande, estou estudando!” Mas, sabem elas o que está reservado no ambiente da escola pra elas? Será que a escola reserva um espaço pra brincar, correr, socializarem-se com os outros, como elas necessitam no dia-a-dia?

Refletindo sobre o lúdico na escola

O educador deve ser mais que um professor, deve a cima de tudo entender que nem todas as crianças vivem uma infância como deveriam, no sentido de condições sociais, culturais e econômicas. Muitas delas vêem de lares problemáticos, e é na escola que buscam carinho e atenção. O professor através de uma sondagem parte da realidade dessas crianças para que na escola sejam trabalhados o que lhes falta, como limites, disciplinas, etc. Através de brincadeiras, histórias e cantos despertar o interesse de cada um para desenvolver suas habilidade e aptidões. Muitos professores acham que o barulho, a conversa alta na sala, atrapalha na aprendizagem e o manuseio de materiais de jogos, fica para a hora que não tem mais o que fazer tornando-se sem nexo, sendo que esses métodos quando valorizado enriquece o ensino, isso acontece também com os desenhos que são dados de última hora uma folha e lápis para fazer para passar o tempo.
A escola que faço parceria, os professores ainda priorizam o ensino mais tradicional, não quero com isso generalizar que não possua atividades lúdicas, mas percebe-se que ainda é pouco. Na visita feita na educação infantil, as crianças brincam, são felizes, tranqüilas, mas são criativas. Na sexta-feira elas trazem de casa o seu brinquedo para a escola, e percebe-se a alegria deles mostrar o seu objeto, querem brincar, interagem umas com as outras, percebe-se que naquele dia elas têm um tempo reservado para brincar como querem. È pouca as atividades lúdicas, algumas cantigas, possui jogos no armário que elas mesmas pegam para brincar com os colegas depois da tarefa pronta. A professora fica o maior tempo na sala de aula com os alunos, onde eles brincam no chão, com carrinhos, etc. Quando saem para o parquinho ficam á vontade, não faz nenhuma brincadeira dirigida, só às acompanha.

Os professores têm dificuldades de usar no cotidiano o lúdico, pois falta conhecimento teórico para apoiar sua prática lúdica no cotidiano escolar. O que implicará em mudanças nas atitudes pedagógicas, pois é fundamental trabalhar o lúdico na educação visando uma aprendizagem onde o aluno é o centro. Os professores não utilizam as atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem, muitas vezes, alegando que geram distrações e consequentemente indisciplina.
 Aí surge então o porquê de na escola trabalhar o lúdico, pois as crianças se distinguem no tempo e no espaço, isso é,  precisam brincar sem imposição de limites, pois a brincadeiras fazem parte do seu mundo, na educação o lúdico contribui para o desenvolvimento da pessoa em qualquer idade, auxilia no desenvolvimento social, e cultural, facilita o processo de comunicação e expressão do pensamento.
 Para Jean Piaget, “o jogo não pode ser um divertimento para gastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral.” Ele estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa para o conhecimento. Quando elas interagem com os objetos, elas ficam motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar os obstáculos tanto cognitivos como emocionais. O jogo é mais importante das atividades infantis, se ela brinca, joga, cria e inventa mantém o equilíbrio com o mundo.
Piaget (1998) prioriza que o jogo é essencial na vida da criança, ela repete no início por puro prazer, depois os jogos simbólicos satisfazem a necessidade não só relembrar mentalmente, mas executar a representação. Ele afirma que atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável na prática educativa.
Para Vygotsky, diferente de Piaget, considera o desenvolvimento ocorre ao longo da vida. Para ele o sujeito não é ativo e nem passivo é interativo. Segundo ele a criança usa interações sociais com forma privilegiados ao acesso de informações, aprende a regra do jogo, por ex, através dos outros, aprende a regular o seu comportamento pelas reações. Para ele o meio social influencia no sujeito. O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. Ele afirma que acontece na zona real e proximal. Proximal é a capacidade que o sujeito tem de aprender, mas com ajuda de um adulto; potencial é a capacidade de resolver problema sem ajuda.
Na visão de Vygotsky, a brincadeira é uma atividade específica da infância, ela recria sua realidade, e que o brinquedo influencia no desenvolvimento aprende agir cognitivamente, através de motivação e tendências internas, e não por incentivos de objetos externos.  Essas brincadeiras devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra para ir além.
            A atividade lúdica traz gozo pela fantasia, faz de conta e imaginação. Nela o momento pra criança vale a pena. Esse momento proporciona encontro consigo mesmo e com os outros, fantasias, realidade e aprendizagem. A sua autonomia torna-se presente no tempo e espaço, pois brincando ela torna-se operante, desafiada a buscar soluções para as situações imaginadas estimulando sua criatividade. A imaginação tem função importante na regulação das próprias emoções. Aqueles que têm tolhida na infância a possibilidade de imaginar, em geral, apresentam a dificuldade de controlar os impulsos da vida adulta. “A imaginação é um jeito de concretizar um pensamento sem a necessidade da ação. Eu posso querer bater em alguém, mas sei controlar esse impulso e não preciso agir”. (Clotilde citada por MOÇO, 2010.p.42).
            Ao chegar á escola, vindo de uma realidade vivenciada com a família, depara-se com outra, fica exposta a essa realidade e no seu interior surge um turbilhão de perguntas. Aí ela precisa se encontrar, e aprender a lidar com as mais diversas situações que surgem no cotidiano, precisas de ajuda para organizar seus sentimentos e sentir novamente confortável no meio que o cerca. È no brincar que a criança vai encontrar equilíbrio entre o real e o imaginário, reconstruindo e trazendo significado ao seu mundo. O brinquedo deve partir de sua realidade não pode ser alheio ao meio que se encontra inserido.
            Para a criança, brincar não é passa tempo, mas sim maneira de integrar-se e interagir com o adulto, e é mais importante que jogar, pois é natural; já o jogo possui regras e limites, sendo também um fator de desenvolvimento. Brincar e jogar são fundamentais no desenvolvimento da criança.
                                    “A brincadeira e o faz de conta são meios também de desenvolver a linguagem, pois imaginando ela se comunica, constrói histórias e expressa vontades. Quando ela se relaciona com os colegas, coloca-se no lugar do outro, reforçando sua identidade.” (Carneiro citada por MOÇO, 2010.p.44).
Por trabalhar com a expressividade, as atividades artísticas são importantes no desenvolvimento da identidade e da autonomia, é perceptível ao apresentarem seu desenho. (”-Este é o meu desenho, este é o meu irmão.”) Elas são um meio do controle motor, de compreensão do espaço e de desenvolvimento da imaginação que é fundamental para a condição humana e relacionada ao brincar. A criança tem um corpo e uma história, não é papel da escola rotulá-los ignorando seu potencial. O ato de educar não deve se basear ao repasse de informações, se o professor traz o conceito pronto, acabado não dá ao aluno a possibilidade de perceber e fazer diferente. Pois conceituar é dizer o que é, logo são fechadas todas as possibilidades do aluno questionar e buscar caminhos diferentes, porque o conceito foi entregue pronto, acabado e não lhe foi permitido criar, transformar, fazer de outra maneira.
Anísio Teixeira e Paulo Freire, cada um com sua leitura de educação, lutaram por uma educação transformadora, onde a interação do sujeito fosse respeitada. Contemplaram um fazer pedagógico prazeroso e participativo. Na educação libertadora, de Paulo Freire, se abomina a dominação do educador sobre o educando. Sua ação educativa é horizontal onde há uma troca entre educando e educador propiciando a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos em torno de um mesmo objeto para poder intervir sobre o mesmo. Quanto mais se discute o conhecimento frente à realidade, mais o aluno se sente desafiado a buscar respostas e mais terá uma consciência crítica e transformadora, ou seja, se faz sujeito de seu próprio processo.
            As cantigas de roda, acompanhar a música com palmas e saber o sons de vários instrumentos, ritmo, tem uma importante relação com os movimentos, a música é uma aquisição da linguagem verbal. O que nos leva a desenvolver capacidade inata é a educação que recebemos e oportunidade que encontramos. Por isso o papel da escola é trabalhar com sons, música e dança que são fonte de conexão cultural. O lúdico está presente em todas as fases do ser humano, dando sabor a sua existência é o ingrediente indispensável nas relações provocando a imaginação e a criatividade. Brincando a criança torna-se operativa, é desafiada a buscar soluções para situações imaginadas e vivenciadas estimulando sua inteligência e criatividade.
O professor deve ensinar de forma prática, com base em experiências observacionais relacionada à vida cotidiana das crianças, motivando desde cedo os alunos a observar as constantes transformações que ocorrem ao seu redor. A aprendizagem acontece quando o aluno entende que o conteúdo está inserido no seu cotidiano, mudando suas atitudes. O registro das pesquisas, compartilharem resultados com os colegas argumentando produz conhecimento. Na prática do professor os brinquedos não podem ser explorados só como um lazer, mas deve ser enriquecedor da aprendizagem, não sendo a única fonte de aprendizagem, mas auxilia nos resultados que promovem mudanças.

CONCLUSÃO

Apesar de conhecer a importância do lúdico como recurso metodológico, muitos ignoram como ferramenta pedagógica, mas é comprovado que ele deve ser usado como forma de transformação e libertação do sujeito. Ele proporciona ao professor a sensibilidade de criar, saber potencialidade e limitações desenvolvendo o senso crítico de pesquisador. Falta na escola uma proposta pedagógica que incorpore o lúdico no trabalho, isso depende da ação do professor.
 O professor deve ser facilitador do ensino, e o aluno deve aprender fazendo e experimentando. O ato de educar não deves ser um repasse de conteúdos, onde o professor traz o conceito pronto, não dando oportunidade de o aluno perceber e fazer diferente. È necessário pensar a importância lúdica no processo do professor, pois além de facilitar aprendizagem, produz desenvolvimento social e individual, a construção de conhecimento, comunicação, expressão e a criatividade. O lúdico é uma necessidade do ser humano, e não uma diversão.

Referências Bibliográficas:

DELGADO, Ana Cristina Coll. Infâncias e Crianças.

MOÇO, Anderson. Quanta coisa eles aprendem! Nova escola. Abril. São Paulo.Ano xxv.abril,2010.

PIAGET e VYGOTSKY. O lúdico na educação infantil. Disponível em: <http://www.legadoludico.com/artigo/lei.html.

TONUCCI, Francesco. Com os olhos de Criança.


[1] Acadêmica do Curso Licenciatura de Pedagogia a Distância – UFPel/UAB, Polo de Cerro Largo.

LEITURA, FALA E ESCRITA

                                  Priscila Padilha da Luz[1]

Resumo:
O objetivo deste texto é aprofundar a reflexão sobre os aspectos da leitura, fala e escrita, afim de qualificar as teorias e práticas á cerca do assunto, o texto também apresenta as competências que cabem ao professor alfabetizador, essa análise se faz importante pois tem intenções qualificadoras para nossa futura prática docente.

            A leitura, a fala e a escrita são processos complexos, cabe ao professor entende-los, como eles acontecem, sua origem e as relações estabelecidas entre eles, neste sentido entende-se que a alfabetização não se resume apenas a atribuir sons às letras, mas em compreender o funcionamento da linguagem.
            Sabemos que desde o começo dos tempos os homens sentem a necessidade de comunicar-se, entendemos que a leitura e a escrita tem a mesma importância da fala, embora estas ações estejam ligadas entre si são processos diferentes e independentes uns dos outros, pois as vezes as crianças podem ler e não escrever ou vice-versa.
            Cada criança trás consigo seu jeito próprio de falar, que está cheio de características já adquiridas por elas, isso acontece naturalmente a partir do contato que ela estabelece com os adultos, que serão seus modelos e mediadores, isso com certeza influenciará o processo de alfabetização que acontecerá na escola.
            Entendemos o processo de construção da escrita lembrando um pouco a História da humanidade; quando as primeiras civilizações faziam uso de desenhos para registrar suas ações, o que chamamos de pictogramas, depois disso os desenhos evoluíram para os ideogramas, com tempo foram-lhes atribuídos sons, posteriormente os gregos sugeriram um sistema estruturado silabicamente, formado por vogais e consoantes, surgido assim o sistema alfabético.
São muitas as implicações existentes no processo de leitura e escrita que deve ser construir em sala de aula pelas crianças, a aquisição de conhecimento através da relação estabelecida pela criança e o mundo, se ela tomou o acesso e importância da linguagem em seu dia-a-dia, entre outros.
Ao professor cabe entender como acontece a escrita, a leitura e a fala, seus processo de formação sua origem e como se relacionam entre si, que ser alfabetizado não é apenas reproduzir sons das letras, mas compreende o funcionamento da linguagem escrita.
Desde o começo dos tempos os homens sentem a necessidade de comunicar-se, hoje sabemos que a leitura e a escrita tem a mesma importância da fala, embora estas ações estejam ligadas entre si cada uma acontece de modo diferente, processos independentes, pois nem sempre a criança ira assimilar a leitura e a escrita ao mesmo tempo ela pode ler ou não escrever ou o inverso.
Devemos considerar o fato de que as crianças já trazem seu jeito próprio de falar, que vem carregado de características já adquiridas por ela, pois ela aprende a falar naturalmente a partir do contato com os adultos que serão seus mediadores, isso com certeza ira ter influenciam no processo de alfabetização que acontecerá na escola.
Embora a oralidade tenha conquistado mais espaço no dialogo entre professores, ainda poucas atitudes tenham sido tomadas para mudar certas ações que ainda consideram a oralidade como leitura oral, sua natureza é diferente em quanto a oralidade trata da capacidade de estruturar e emitir mensagens que possam der compreendidas a outras pessoas a leitura reforça ao ato de decifrar, de entender uma mensagem escrita por alguém.
Isso tudo, a evolução desse processo para o homem e é assim com as crianças também, elas passam por um longo processo que contempla os níveis pré-silábicos, antes da concepção da silaba, quando desenho não se diferencia de letra podendo até as representar, nível silábico: onde a criança já tem concepção da sílaba e tenta representar com símbolo ou letra correspondendo ou não ao som dos fonemas, entre este nível e o posterior a criança passa pelo silábico alfabético um intermediário e logo após pelo alfabético: quando a criança toma consciência de todos os sons representados pelas letras existentes nas sílabas.
A leitura deve ir além da decodificação dos sons das letras ela deve compreender o conjunto, pois de acordo com Silva(2010):
“Quem lê identifica palavras, mas quem compreende integra frases em unidades superiores cada vez mais amplas, chegando a sua existência máxima quando inter-relacionam com o próprio texto, com outros textos representativos de experiências formais e conhecimentos de mundo referente as experiências vividas.”
A motivação é fundamental tanto para o ato de ler como de escrever, pois ninguém escreve ou lê apenas para ser avaliado e sim pelo prazer pelo o que se esta fazendo ou pelos resultados adquiridos, é por isso que devemos levar em conta a utilização das antigas cartilhas de fácil interpretação, mas restritos apenas ao primeiro ano do ensino fundamental.
A alfabetização não pode restringir-se apenas em codificar ou decodificar palavras, mas deve proporcionar que a criança consiga a elaborar, interpretar e possa a reutilizar, por este motivo é essencial que a escola desenvolva nos alunos o hábito de ler e para isso é fundamental que a escrita e a leitura tenha um significado para as crianças.

Referências:
SILVA, Rogéria. Ler, escrever e falar: encontros e desencontros- implicações sobre a prática docente. Disponível em: <http//:modlle.ufpel.edu.br/cead/nodresource/vew.php?>. Acesso em:15/11/10.
SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Disponível em:<http//:www.anpred.org.br/rbe/rbe/rbe.htm>. Acesso em:15/11/10.


[1] Aluna do Curso de licenciatura em Pedagogia a Distancia-UFPEL.

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

                                                                                   
 Clarice Claudete Koslowski Weiss[1]

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar uma reflexão sobre aspectos relativos às dificuldades de aprendizagem, bem como a importância da Psicopedagogia em estabelecer diretrizes para a resolução dessas dificuldades e a responsabilidade do educador em proporcionar o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

Palavra-chave: Dificuldade de aprendizagem.

O Objetivo da escola é promover a aprendizagem de “todos” os seus alunos para

que atuem como cidadãos. O sujeito que não aprende, não realiza as funções sociais da educação. Durante muito tempo, a criança com dificuldade de aprendizagem era encaminhada a um especialista para confirmar sua “normalidade”. Confome fosse o resultado desse diagnóstico, a criança era encaminhada para classes ou escolas especiais que ofereciam um ensino diferenciado, contudo todo esse processo de deslocamento consequentemente também vinha de encontro com um processo de desmotivação por parte da criança, pois estaria obrigada a se adaptar a um novo processo educacional, a um contato com novos colegas, com o intuito de sanar suas dificuldades, dificuldades essas em que todos os envolvidos no processo educativo estivessem atentos, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.

As dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se estão associadas a preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado.

A criança com dificuldade de aprendizagem não deve ser “classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que aprende de uma forma diferente. As escolas precisam fornecer às pessoas com dificuldades de aprendizagem uma educação apropriada, incluindo bons sistemas escolares, bons profissionais que se dediquem ao diagnóstico cuidadoso e ao atendimento remediador de qualidade. (Fonseca, 1995)


Vivemos num momento, onde as necessidades dos alunos vem a tona. A escola não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos, muito mais que isso, a escola tem a tarefa de reconstruir o papel e a figura do aluno, deixando de ser apenas receptor, proporcionando ao aluno que seja criador e protagonista do seu conhecimento. Levar o aluno a pensar e buscar informações para o seu desenvolvimento educacional, cultural e pessoal é uma das tarefas primordiais e básicas da educação. Para isso se fazem necessárias medidas urgentes e precisas, para a construção de uma sociedade inclusiva compromissada com as minorias, cujo grupo inclui todos os portadores de necessidades educativas especiais.
            Necessitamos assim, de uma escola que aprenda a refletir criticamente e a pesquisar. Uma escola que não tenha medo de se arriscar, com coragem suficiente para criar e questionar o que está estabelecido, em busca de rumos inovadores e em resposta às necessidades de inclusão. Cabe à escola encontrar respostas educativas para as necessidades de seus alunos. (Mantoan – 1997, pg 68).
Nesta busca constante, o processo pedagógico fica mais rico, proporcionando uma melhor qualidade de educação, assim sendo, todos se beneficiam e todos se enriquecem: alunos, professores, família e comunidade.
O professor precisa entender que seus alunos desenvolvem meios diferentes de aprendizagem e, por isso, às vezes utilizam caminhos que o próprio professor desconhece, para tanto, ele precisa ter sempre a oportunidade de socializar o seu saber específico, junto a outros profissionais, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino oferecido na escola, possibilitando o envolvimento desta equipe na busca de alternativas que minimizem as diferenças entre os alunos que possuem dificuldades no processo ensino-aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem devem ser levadas em conta, não como fracassos, mas como desafios a serem enfrentados, e ao se trabalhar essas dificuldades, trabalha-se respectivamente as dificuldades existentes na vida, dando oportunidade ao aluno de ser independente e de reconstruir-se enquanto ser humano e indivíduo.
O espaço pedagógico é um texto para ser constantemente lido, interpretado escrito e reescrito. Essa leitura do espaço pedagógico pressupõe também uma releitura da questão das dificuldades de aprendizagem. (Paulo Freire, 2003).

O profissional deve refletir constantemente a sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade, buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática com as crianças com dificuldade, a observação, o registro, o planejamento e a avaliação de forma diferenciada.
A escola deve garantir tempo e condições para que todos aprendam de acordo com o perfil de cada um, é preciso fazer adaptações curriculares de grande porte, garantindo o acesso e permanência de todos os alunos da escola. Abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas por professores, administradores, funcionários e alunos, pois são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania.
“A inclusão inicia no resgate do aluno com déficit de aprendizagem e da escola de qualidade” (Penna Firme).
Só conseguiremos mediar as dificuldades de aprendizagem, quando lidarmos com nossos alunos de igual para igual, quando fizermos da aprendizagem um processo significativo, no qual o conhecimento a ser aprendido faça algum sentido para o aluno não somente na sua existência educacional como também em sua vida cotidiana.  
Não devemos tratar as dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas insolúveis, e sim, desafios que fazem parte do próprio processo de aprendizagem, o qual pode ser normal ou não normal. Também há a necessidade de identificar e prevenir o mais precocemente possível essas dificuldades, de preferência ainda na Pré-escola.

Referências Bibliográficas

FONSECA, V. da. Introdução às Dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre/RS: Artes Médicas, 1995.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. 27 ed,, São Paulo/SP: Paz e Terra, 2003.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Ser ou estar, eis a questão: explicando o défcit intelectual. Rio de Janeiro/RJ, WVA, 1997.
SOARES, Dulce Consuelo R. Os vinculos como Passaporte da Aprendizagem. Rio de Janeiro/RJ. Caravansarai, 2003.

[1] Aluna do Curso de Pedagogia -Ead – Pólo Cerro Largo, Turma 02.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

O desafio das escolas regulares, que devem promover o direito à diferença.

Marcia Helena Perius Klein[1]

Resumo:
A presença crescente, na rede regular de ensino, de crianças e jovens com necessidades especiais de aprendizagem, exige, antes de mais nada, mudanças de atitude, não só dos professores, mas de toda a comunidade escolar. É preciso quebrar preconceitos, estimulando a generosidade e o respeito. É a diversidade dentro da escola. E para que isso seja possível a ação pedagógica deve ser adequada, não considerando a Educação Especial como algo separado, dentro da escola, porque quem educa, educa a todos.
Palavras-chave: inclusão; ação pedagógica; diversidade.

            Quando se fala em inclusão, supõe-se que todas as crianças, sem exceção, devem ser educadas nas escolas regulares, e isso será facilitado com  o fortalecimento  dos vínculos  entre as escolas especiais e as tradicionais.
            O presente artigo quer colocar um pouco sobre os problemas que envolvem a inclusão de crianças deficientes em escolas regulares, abordando também as vantagens tanto para as crianças com necessidades especiais, como as demais, que devem aprender, desde cedo a aceitar as diferenças, vendo-os como seres humanos com as mesmas necessidades e direitos. “Todos os alunos não apenas se beneficiam academicamente, mas também expandem suas oportunidades de futuro sucesso quando os ambientes educacionais são inclusivos” (Stainback, S. B., 2004, p.24).

Políticas de Inclusão

            Para o desenvolvimento de políticas claras é preciso que haja uma reorganização das escolas e salas de aula regulares para que seja possível receber as crianças com diferentes necessidades.
            Inclusão envolve mudanças em três níveis:
* todas as crianças frequentando a escola local, na sala de aula regular e com o devido apoio;
* todas as escolas reestruturando seu programa de ensino, pedagogia, avaliação e sistemas de grupamento para garantir acesso e sucesso de todas as crianças da comunidade;
* todos os professores aceitando a responsabilidade pelo aprendizado de todas as crianças, recebendo treinamento contínuo, apoio do diretor, do corpo administrativo da escola, de seus colegas e da comunidade. (MITTLER, 2000)
            O governo brasileiro, e muitos outros, assumiram o compromisso da inclusão, de acordo com o que diz a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), porém há vários problemas  e obstáculos que estão trazendo dificuldades à evolução da inclusão.
            As políticas de inclusão devem ter por princípio que todas as crianças devem ser educadas em escolas regulares, reconhecendo que as dificuldades maiores estão na escola e na sociedade e não na criança. Com base nisso, é necessário fazer uma avaliação dos obstáculos à inclusão, e a partir disso, remover esses impedimentos.
            Organizar um plano de inclusão individual não é simplesmente avaliar as necessidades e dificuldades da criança, mas fornecer condições  para que ela possa estar na sala de aula,  com acesso em caso de cadeira de rodas, instalações recreativas e banheiros. Dependendo do caso são necessárias modificações no programa de ensino e de apoio através de tecnologia da informação; sendo que muitas necessitarão de auxílio pessoal de um assistente pedagógico em determinadas aulas ou atividades.

O que diz a lei

        Entre 7 e 10 de junho de 1994, na Espanha, na cidade de Salamanca, estiveram reunidos os Delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando 88 governos e 25 organizações internacionais, em uma Assembleia, onde reafirmaram o compromisso com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino.
        O direito de cada criança à Educação é proclamado pela Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reconfirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos.
        O princípio que orienta essa estrutura é o de que as escolas deveriam acomodar todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Isso seria a Escola Inclusiva, com uma pedagogia centrada na criança, tendo como princípio fundamental que todas as crianças deveriam aprender juntas.
        A Constituição de 1988 (Art. 208, Inciso III) diz que as escolas públicas devem garantir a possibilidade de que todos os alunos com deficiência sejam incluídos nas turmas escolares de ensino regular, devendo receber atendimento especializado complementar, de preferência dentro da escola.
        A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) de 1996 define Educação Especial como modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para portadores de necessidades especiais. A inclusão ganhou reforços com a LDB e também com a convenção da Guatemala, de 2001, que proíbem qualquer tipo de diferenciação, de exclusão ou de restrição, baseados na deficiência das pessoas.
        O acesso das pessoas com deficiência ao ensino formal é garantido até pela Legislação Penal, pois o art. 8º da Lei nº. 7.853/89 prevê como crime condutas que frustram, sem justa causa, a matrícula do aluno com deficiência. Sendo assim, a exclusão é crime.
        O parecer CEED nº. 251/2010 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul regulamenta a implementação, no Sistema Estadual de Ensino, do disposto na Resolução CNE/CEB nº. 4, de 2 de outubro de 2009, que institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, que são as salas de Recursos Multifuncionais, a serem implementados nas escolas regulares.
        A Educação Inclusiva, fundamentada em princípios filosóficos, políticos e legais dos direitos humanos, compreende a mudança na concepção pedagógica, de formação docente e de gestão educacional para a efetivação do direito de todos à educação, transformando as estruturas educacionais que reforçam a oposição entre o ensino comum e especial e a organização de espaços segregados para alunos público alvo da Educação Especial.

Crianças em escolas especiais

            As crianças que estão em escolas especiais devem se constantemente reavaliadas, para oportunizar a sua frequência em escolas regulares, através de um plano de inclusão individual, tão logo estejam em condições de terem suas necessidades atendidas, de acordo com auxílios apropriados com verbas necessárias disponibilizadas. Também há casos em que é necessário um período mais longo de preparação para encaminhar a criança para uma escola regular, bem como há escolas mais preparadas que outras para receber e aceita-las atendendo plenamente as suas necessidades.

O direito à diferença

         “Mesmo sob a garantia do direito de todos à educação, a diferença pode ser lançada na vala comum dos preconceitos, da discriminação e da exclusão. Inúmeras propostas educacionais que defendem e recomendam a inclusão continuam a diferenciar alunos pela deficiência.” (MANTOAN, Maria Teresa Eglér, 2005, p.13).
            Projetadas para atender o aluno ideal, muitas escolas acabam promovendo a exclusão, trazendo grandes prejuízos educacionais para a trajetória educacional de muitos educandos. Se somos diferentes de fato, precisamos ser reconhecidos como diferentes de direito, na escola e também fora dela. “Baseamo-nos pelo direito de ser, sendo diferentes” (PIERUCCI, 1999). “Contudo, vale a ressalva de sermos iguais, quando a diferença nos inferioriza, e de sermos diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza” (Souza Santos, 1995).
            Deve-se dar atenção ao fato de que, mesmo que haja a garantia do direito da escola para todos, a diferença pode aparecer nos preconceitos, discriminação e exclusão. A Convenção de Guatemala, assimilada pela Constituição em 2001, deixa clara “a impossibilidade de diferenciação com base na diferença, definindo a discriminação como toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência”. De acordo com o princípio da não-discriminação, trazido por essa convenção, admitem-se as diferenciações com base na deficiência apenas com o propósito de permitir o acesso ao direito e não para se negar o exercício dele.
            A Constituição de 1988 celebrou o direito de todas as pessoas à educação, ressaltando ainda que os portadores de deficiências tem garantido o “atendimento educacional especializado”. É um atendimento complementar ao ensino regular, assegurando às crianças com deficiência as condições que lhes são indispensáveis para que tenham acesso e frequência à escolaridade em escolas regulares. Nessa situação não há discriminação, mas sim um atendimento educacional especializado, visando à remoção dos obstáculos que impedem esses alunos de acompanhar as aulas nas turmas comuns. Ensinar a língua portuguesa como segunda língua para os surdos, as noções de mobilidade e de locomoção para os cegos e outros conhecimentos específicos são exemplos dessa diferenciação. Porém encaminhar alunos com alguma deficiência para escolas especiais, além de ser uma diferenciação pela deficiência, viola o direito de todos à educação, visto que o ensino especial é uma modalidade que perpassa todos os níveis de ensino, do básico ao superior, mas não pode de forma alguma substituí-lo. “Se quisermos que cada pessoa seja um membro respeitado de nossas comunidades, não podemos separar algumas crianças de seus pares durante sua vida escolar” (STAINBACK, S. B., 2005, p.22).
            A presença cada vez maior de crianças com necessidades especiais de aprendizagem, na rede regular de ensino, exige, antes  de qualquer coisa, uma mudança de atitude, não só dos professores, mas de toda a comunidade escolar. É necessário reconhecer, questionar e eliminar preconceitos, estimulando a generosidade, o acolhimento e o respeito à diversidade.
            A escola precisa aperfeiçoar sua ação pedagógica, não considerando a Educação Especial como uma parte separada do sistema educacional. Quem educa, educa a todos.

Direito Humano à Inclusão
          A garantia de acesso e permanência com sucesso nas escolas comuns regulares significa um patamar imprescindível de cidadania para pessoas com deficiência, na opinião de especialistas. A sua inclusão em ambientes comuns de aprendizagem, oferecendo todas as condições de acessibilidade, oportuniza o preparo para a inserção nos espaços sociais e também no mercado de trabalho. A inclusão é totalmente favorável à eliminação das atitudes excludentes, porque, a partir da convivência na heterogeneidade, as crianças aprendem, desde cedo, a não discriminar.
        A educação inclusiva é um movimento mundial baseado nos princípios dos direitos humanos e de cidadania, tendo como objetivo eliminar a exclusão e a discriminação, para que haja a garantia do direito à igualdade de oportunidades e à diferença, mudando os sistemas de ensino, de maneira que haja a participação de todos os alunos, com foco específico naqueles que são vulneráveis à marginalização e exclusão.
        Já a educação especial é uma área do conhecimento que tem como objetivo desenvolver as potencialidades de pessoas com deficiência, autismo, síndromes ou altas habilidades/superdotação, e abrange desde a educação infantil até a educação superior. O atendimento educacional especializado, atualmente, deve ser somente um complemento da escolarização, e não substituto.
        Com uma nova concepção de ser humano, ética, cultura e sociedade, e também com a evolução dos conhecimentos científicos sobre a inteligência humana, a educação passa a ser definida e viabilizada como direito de todos. Muitos municípios brasileiros já estão adaptando suas escolas, capacitando professores e adquirindo equipamentos. São salas de multimeios, em escolas- pólo. É um processo de mudança cultural que se constrói no cotidiano educacional e social.
Conclusão
            De acordo com o que diz a Declaração de Salamanca: “Os jovens com necessidades educacionais especiais devem receber ajuda para fazer uma eficaz transição da escola para a vida produtiva”. As escolas devem ajudá-los a desenvolver habilidades necessárias para o seu dia-a-dia, para que tenham uma vida adulta digna. Para isso são necessárias tecnologias adequadas e um currículo apropriado. Não basta um espaço adequado na sala de aula, é preciso acolher o aluno com necessidades especiais, prestando um atendimento diferenciado, conforme as suas dificuldades, decorrentes da deficiência.
            O aluno portador de necessidades educacionais especiais é um indivíduo que se desenvolve de forma qualitativa diferente, mas não pode ser considerado inferior ou incapaz de aprender. Cada escola, cada classe, cada professor, e principalmente cada educando, representa uma realidade distinta, e são os próprios atores diretamente envolvidos no processo cotidiano de inclusão, as pessoas mais qualificadas para, na prática, saber o melhor caminho a ser seguido.

Referências Bibliográficas:
- MITTLER, Petter. O futuro das escolas especiais. Revista Pátio, ano VIII Nº32 novembro 2004/ janeiro 2005;
-MANTOAN, Maria T. E. O direito à diferença nas escolas. Revista Pátio, ano VIII, nº 32, novembro 2004/janeiro 2005;
- MACEDO, Lino de. O desafio da escola para todos. Revista Pedagógica. Jan. 2005;
-STAINBACK, Susan B. Entrevista. Revista Pedagógica nov 2004;
 -Revista Criança do professor da educação infantil, nov. 2007. Texto: A inclusão de crianças com deficiência na Educação Infantil.
- Programa de Educação Inclusiva: Direito à diversidade. Revista Atendimento Educacional Especializado – aspectos legais e orientações pedagógicas.
- EDUCAÇÃO ESPECIAL: tendências atuais. Brasília, 1999
         


[1] Acadêmica do Curso de LPD – Pólo UAB – Cerro Largo – RS – UFPEL – Docentes presenciais e à distância: Mariléia Thum Pich, Sara Beatriz S. Scher, Elisângela Vieira, Clara Baladares Machado, Lilian Correia, Simone de Barros da Silveira – Escola Parceira: Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Otto Flach - CIEP