sexta-feira, 17 de junho de 2011

GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PARCEIRA


Marisa Elisabeta Lenz[1]



Introdução

Este artigo tem como objetivo apresentar questões relacionadas a democratização da gestão escolar, assim como os meios e os conflitos gerados nesse processo, demonstrando a preocupação das escolas em firmar nos objetivos e práticas a constituição de um espaço de construção da cidadania.
Cada escola tem seus métodos de avaliação, organização, administração, planejamentos, etc., ou seja, cada escola tem os seus modos de gestão. Da mesma forma, cada instituição é também um lugar de concepção, realização e avaliação de um projeto que organiza o trabalho pedagógico. Tem ainda, como objetivo imediato, querer ser agente de transformação, possibilitando vivências para cidadãos críticos, responsáveis e justos, na perspectiva de uma educação de qualidade.
As discussões e estudos feitos sobre o tema “gestão democrática” são frutos de pesquisas e da necessidade de mudanças advindas da complexa sociedade na qual a escola se insere. Para melhorar a qualidade do ensino e elevar o desempenho do trabalho.
Escolhi esta temática com o intuito de descobrir como fazer da escola um espaço em que todos estejam unidos pelo mesmo objetivo e assim conhecer a função social que ela deve cumprir. Também poder compartilhar e requerer a participação coletiva da comunidade escolar com minha escola parceira (Escola municipal de Ensino Fundamental Pe. José Schardong), agindo com inovação e ousadia, tendo como objetivo assegurar o direito de todos a uma educação básica de qualidade.
Esta temática me faz refletir, bem como conhecer um pouco mais sobre a função social da escola, buscando compreender o papel da mesma na sociedade;

Desenvolvimento

Pensa-se que a gestão democrática implica uma democratização da educação na escola. Na verdade, gestão e democratização são dois processos diferentes, embora complementares: gestão democrática é a ação em si dos sujeitos dentro da escola e democratização é um processo mais amplo e complexo que implica relações para além dos ambientes escolares, abrangendo também o entorno das escolas.

                                          A gestão democrática deve, dessa forma, ser compreendida não apenas como princípio do novo paradigma, mas também como um objetivo a ser perseguido e aprimorado, além de configurar-se como uma prática cotidiana nos ambientes educativos (BORDIGNON E GRACINDO, 2001, p.165).

Os resultados evidenciam que a gestão democrática é atualmente um valor ainda não totalmente compreendido e incorporado a prática social, constituindo-se porém, em um recurso de participação humana e de formação para a participação efetiva nos moldes praticados na atualidade no interior da escola pública, que se almeja de qualidade.
Não basta à escola estar limitada a elevação do educando a níveis mais altos de escolaridade, se ele não aprender a compreender a vida, com capacidade de exercer a cidadania dentro de uma sociedade complexa. Isto significa que a função da escola deve estar voltada para a realização plena do ser humano, alcançada pela convivência e pela ação concreta, qualificadas pelo conhecimento.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Pe. José Schardong, preocupada em formar uma escola sustentada nos quatro pilares (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser) inicia-se pela construção de um projeto pedagógico, e deste para as práticas e ações dos educadores, passando primeiramente por uma reflexão de todos os envolvidos sobre todas as decisões que dão forma a escola.

A gestão implica um ou mais interlocutores com os quais se dialoga pela arte de interrogar e pela paciência em buscar respostas que possam auxiliar no governo da educação segundo a justiça. Nesta perspectiva a gestão implica o diálogo como forma superior de encontro das pessoas e solução dos conflitos (CURY, 2005, p.01).

Para cumprir seu papel, de contribuir para o pleno desenvolvimento da pessoa, prepará-la para a cidadania e qualificá-la para o trabalho, como definem a Constituição e a LDB, é necessário que suas incumbências sejam exercidas plenamente. Assim, é preciso ousar, construir uma escola onde todos sejam acolhidos e tenham sucesso.
Ao abordar a gestão democrática escolar, é preciso fazer um passeio mais amplo, para além dos muros da escola. Por isso é oportuno questionar: Porque devemos ir a escola? O que desejamos da escola? Ao buscar respostas a essas questões, precisamos colocar a escola como um espaço democrático, supor que haja convivência e diálogo entre as pessoas desejosas de que aconteçam ações diferentes nesse ambiente. A gestão democrática é um processo em construção em nosso dia a dia na escola, portanto é necessário que se lute para que ela se concretize de fato, que dialoguemos com todos os segmentos da unidade escolar e que possamos contestar e confrontar ideias promovendo uma formação para a cidadania.
Na construção do PPP a escola se envolveu em momentos de investigação buscando confirmar o conhecimento construindo uma visão compartilhada por todos. Buscou suporte teórico na LDB, PCNs e estudou teorias que tratam dos princípios de qualificação do ensino e fundamentação dos valores éticos e morais. Formou grupos de estudos entre direção, professores, pais, funcionários e alunos para um estudo da teoria e planejou ações de cada etapa como diálogos, entrevistas, coleta de dados e informações, análise de problemas e adoção de medidas para a solução. Criou um PPP partindo de uma análise que projetou o futuro da escola, definindo aonde quer chegar, que estratégias adotará para o alcance dos objetivos, que processos desenvolverá pensando na comunidade escolar, que são os sujeitos envolvidos.
A escola desenvolve um projeto cooperativo em parceria com a SICREDI e com o apoio da SMEC, onde o grupo escolar desempenha uma prática de pesquisa pensada cotidianamente. Tendo um suporte teórico centrado em teorias cooperativistas realiza um trabalho voltado aos seus princípios: ajuda mútua, cooperação, solidariedade e valorização do ser. Para tanto concebe o tema gerador e trabalha com situações-limites, a serem transformadas, dando assim oportunidade aos alunos de serem sujeitos deste exercício, a escola promove um encontro destes com as teorias do conhecimento científico, que tratam do tema gerador.
Nas questões organizativas, a escola vem caminhando de mãos dadas com o CPM que se organiza viabilizando o embelezamento da escola, a prática de projetos e o suprimento às necessidades materiais e humanas.
Na escola vivemos a presença ativa da comunidade percorrendo esse caminho de parceria, dividindo responsabilidades, concretizando finalidades e objetivos educacionais estabelecidos pela equipe escolar. Famílias participam na escola em reuniões, encontros, assembleias eventos, mutirões e grupos que realizam tarefas que requeiram sua participação.
A periodicidade de reuniões se dá conforme as necessidades, além disso, temos as reuniões periódicas bimestrais e os conselhos de classe para os alunos e professores, quando paramos para discutirmos o processo ensino-aprendizagem e analisarmos a prática pedagógica que vem sendo desenvolvida. As reuniões de pais acontecem bimestralmente, com a entrega dos boletins, reuniões com palestras desenvolvendo temas de auto-estima e de ajuda aos filhos.
O processo de escolha da direção da escola parceira é por eleição. Votam os que compõem a comunidade escolar (pais, professores e alunos). O diretor precisa descentralizar o poder. O diretor está presente, dividindo as funções com todos os seus funcionários e com a comunidade. Não é fácil, mas quem acredita faz a escola com a comunidade.
De acordo com LIBÂNEO: “O diretor de escola é o responsável pelo funcionamento administrativo e pedagógico da escola, portanto, necessita de conhecimentos tanto administrativos quanto pedagógicos” (2003, pg.87-88).
Existem conflitos e opiniões diferentes, mas é preciso lidar com eles. O conflito faz parte da vida. Mas precisamos sempre dialogar com os que pensam diferente de nós e juntos negociar. O diálogo deve ser franco, aberto, buscando conhecimentos e o modo de vida das pessoas no seu dia a dia, ver a realidade, cultura, dialeto, religiosidade, crendices, anseios, valores. Criar um relacionamento familiar com as famílias da comunidade e com a escola, formando uma parceria. Uma escola não se faz sozinho. Se precisa abrir as portas para a comunidade e trabalhar sempre.
É preciso converter a escola em um verdadeiro agente de transformação social. Propiciar uma maior aprendizagem, pois o mundo moderno exige que novos instrumentos sejam utilizados para permitir um aprendizado que capacite os alunos a se tornarem participativos, éticos, criativos, sensíveis, solidários, capazes de propor soluções e de se tornarem verdadeiros cidadãos. Propõe-se o diálogo, a participação, a cooperação e a solidariedade entre todos para assim melhorar a educação das crianças.

A escola é um espaço social que celebra a aprendizagem, vive o encanto da construção da emancipação humana, consolida relações, contribui para a humanidade. E pela gestão democrática se garante uma prática da construção emancipadora da existência das pessoas e da humanidade (PARO, 1998, pg.119).


Considerações Finais

Com esta experiência aprendi que é falso pensar que para fazer um trabalho de qualidade é preciso ter muita rigidez, voz ativa e imposição. Um trabalho de qualidade realmente acontece quando a gestão é democrática, aberta a opiniões e sugestões. Ouvir os pais, os funcionários, os alunos e dividir responsabilidades são fatores essenciais para se fazer um bom trabalho. A partir desses princípios, esta experiência na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José Schardong é inovadora para toda a escola e altamente positiva para toda a comunidade. O trabalho deve ser consciente e de muita responsabilidade.
Uma escola democrática deve promover as pessoas, intervir na socialização de seus alunos, inseri-los ao mundo do trabalho e ensiná-lo a aprender sempre, portanto a pesquisa continua, pois é necessário que estejamos sempre buscando, sempre há algo que podemos fazer ainda melhor do que se faz...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORDIGNON G. e GRACINDO, R.V. Gestão da Educação: o município e a escola. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

BRASIL, Conselho Escolar, Gestão democrática da educação e escolha do Diretor-Ministério da Educação – Secretaria da Educação Básica, novembro de 2004.

FERREIRA, N. S. C. Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2000.

GADOTTI , Moacir. Escola cidadã: uma aula sobre a autonomia da escola. São Paulo, Cortez, 1992.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO. Brasília: Senado Federal, 1996.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Alternativa, 2003.

LÜCK, A Gestão Participativa na Escola. Petrópolis: Editora Vozes, 2006. Série: Cadernos de Gestão.

PARO, V.H. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Ática, 1997.

RODRIGUES, Neilson. Administração colegiada: evidencia sobre a prática. pg. 82-83.




[1]Marisa Elisabeta Lenz, professora do 1º ano do Ensino Fundamental dos 9 anos, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pe. José Schardong com a qual faz parceria e realiza o trabalho de pesquisa-investigação. É Acadêmica do 5º semestre de Pedagogia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Polo de Cerro Largo

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