Isolde Maria Dalla Barba Gonçalves[1]
INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta algumas informações a respeito da Gestão Escolar da Escola Pública.
O processo de Gestão Escolar, de uma forma democrática deve buscar a participação de todas as pessoas que formam o entorno escolar, de uma forma onde todos os níveis e setores devem manifestar as suas expressões e conhecimentos sobre aquilo que é pauta de debate, trazendo o processo para a realidade em que ela esta inserida, o que realmente querem que seja visto e resolvido.
O que me motivou estudar este tema, por trabalhar no setor administrativo(secretaria) e ser integrante do Conselho Escolar da escola parceira, e por este tema estar mais próximo da minha realidade profissional e isso poderá me auxiliar nas atividades propostas do curso.
Com este estudo eu pretendo aprimorar meus conhecimentos e contribuir mais nas necessidades da Escola.
GESTÃO DEMOCRÁTICA
A participação constitui-se numa das melhores maneiras de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de toda a comunidade escolar na tomada de decisões e no funcionamento da organização educacional. Através da participação consciente e crítica será efetivado o maior conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e das relações da escola com a comunidade.
Uma forma de participação, nestes termos é assegurada como um direito/dever da comunidade escolar através da elaboração do PPP. Segundo SEVERINO:
Mesmo quando as condições histórico-sociais de uma determinada sociedade estão deterioradas, marcadas pela degradação, pela opressão e pela alienação, como é o caso da sociedade brasileira, o projeto educacional se faz ainda mais necessário, devendo se construir então como um projeto fundamentalmente contra-ideológico, ou seja, desmascarando, denunciando e criticando o projeto político opressor e anunciando as exigências de um projeto político libertador.(SEVERINO, 1998: 82).
Fica claro aqui, que a escola parceira através de seus gestores, vem demonstrando possuir a consciência necessária para desenvolver trabalhos que direcionem as ações, pois se não os elaboramos, estaremos deixando nos dirigir.
Na Escola Parceira, há o Conselho Escolar legalmente constituído e atuante, CPM, Grêmio Estudantil e cada final de trimestre é realizado Conselho de Classe, todos com vez e voz nos processos decisórios da Escola. Através destes grupos a comunidade poderá participar mais ativamente do cotidiano da escola ajudando na tomada de decisões que favoreçam a construção de uma sociedade mais responsável e colaborativa. O Gestor, por sua vez, encontra nestes grupos um suporte fundamental para ajudá-lo no processo de diálogo com o poder público, no sentido de captar recurso e exigir melhorias, tanto estruturais quanto na qualificação do Ensino oferecido aos educandos.
O Conselho Escolar tem papel decisivo na democratização da educação e da escola. Ele é um importante espaço no processo de democratização, na medida em que reúne: diretores, professores, funcionários, alunos e pais para discutir, definir, acompanhar, deliberar sobre questões político-pedagógica, administrativas, financeiras, no âmbito da escola. Eles representam a comunidade escolar e local, atuando em conjunto e definindo caminhos para tomar as deliberações que são de sua responsabilidade.
Representam assim, um lugar de participação e decisão, um espaço de discussão negociação e encaminhamento das demandas educacionais, permitindo a participação social e promovendo a gestão democrática. São enfim, uma instância de discussão, acompanhamento e deliberação, na qual se busca incentivar uma cultura democrática, substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadã.
A Associação de Pais e Mestres torna-se oportuna para incentivar as famílias a participarem da escola, não só nas festas ou com o trabalho, mas discutindo, refletindo e buscando soluções para seus problemas. Mas, para tanto, é preciso dar oportunidade de participação aos pais e esclarecê-los e convencê-los da importância de sua participação, que muitas vezes não possuem claro seu papel junto a escola de seus filhos, seu poder de decisão, agindo desta forma a participação efetiva torna-se de certa forma deficiente.
O Conselho de Classe representa um apoio, uma estratégia de ação, na qual todos se reúnem tendo em vista a melhoria dos resultados do processo de ensino. Preocupando-se em como, o processo ensino-aprendizagem acontece, conduzindo a avaliação da aprendizagem do aluno, e também a avaliação do trabalho do professor e da equipe escolar como um todo.
Segundo docente da Escola parceira é fundamental conversar e debater com os colegas métodos a serem utilizados em sala de aula, qual a maneira mais eficaz de trabalhar em determinada turma. Qual a imagem que cada um tem de alunos com dificuldades, de que forma auxiliar para que ele se aproprie do saber, e assim ser um facilitador do processo de aprendizagem.
O Grêmio Estudantil representa outra organização que deve ser incentivada na escola. Os alunos não podem constituir-se como meros consumidores de um saber compartimentado e descontextualizado. A escola existe para eles, para a sua boa formação em todos os aspectos. Precisam aprender também a ler criticamente o seu mundo, conhecer reivindicar seus direitos, cumprir conscientemente os seus deveres e aprender a ser cidadão.
Na escola o Grêmio Estudantil funciona com algumas limitações advindas da imagem distorcida que os alunos possuem desta organização. Apesar das dificuldades os componentes desenvolvem trabalhos de conscientização através da exposição de cartazes, trabalhos e também auxiliando em trabalhos extra-curriculares mas sabe-se que suas competências vão muito além disto.
A construção, manutenção e bom funcionamento das relações entre escola, família e comunidade requer, antes de mais nada, uma liderança escolar forte e democrática.
Como é citado no texto de Moacir GADOTTI:
A gestão democrática da escola exige, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da Comunidade Escolar. Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de que a escola pública é do estado e não da comunidade. A Gestão democrática da escola implica que a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais. Na gestão democrática pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola.(GADOTTI, 1992).
Na Escola, no decorrer do ano letivo, focando a participação de todos os segmentos da Comunidade Escolar na construção social do conhecimento são realizados momentos para que a Comunidade venha até a Escola(Assembleias, Palestras, Reuniões do CPM, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, Projeto PDE, Encontros de Formação, Dia da Família na Escola, etc...) e outros para que a Escola vá até a Comunidade(Envio de Comunicados aos Pais, envio de Textos Informativos que visam a formação dos familiares não apenas do aluno, Visita às Famílias para reforçar os laços existentes ou para criar novos laços além de promover conhecimento em relação à forma de vida de cada família, o que é visto pelos educadores como uma das melhores maneiras de compreender e conhecer o aluno, pois ele é reflexo do meio em que vivem). Todos os processos decisórios da Instituição contam com a participação dos segmentos que opinam, debatem e resolvem qual é o melhor caminho para que se tenha uma educação de qualidade.
O Dia da Família na escola, que foi desenvolvido devido a um fato bastante marcante em nossa comunidade escolar. As famílias divergem da forma tradicional, são compostas de crianças que vivem com avós, tias, ou ainda com o namorado da mãe, por tanto tornava-se difícil promover as datas comemorativas tais como dia das mães, dos pais, então adotou-se além destas datas o dia da família, que até hoje vem superando as expectativas e vem mostrando ser uma forma eficiente de promover a participação, de crianças e seus familiares com a escola. Neste dia desenvolvem-se atividades lúdicas entre famílias, palestras sobre temas atuais e uma gama de atividades que variam e vão de encontro aos anseios das famílias.
Os entraves para uma maior participação dos membros da Comunidade que é percebido é a famosa falta de tempo alegada por alguns Educadores e Pais. Percebe-se aqui talvez uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos gestores. Nesta sociedade, que vive num ritmo acelerado, em que, a pessoa quando para, é excluída ou sofre diversas formas de perdas, os pais muitas vezes optam por outros valores, outros programas não dando o devido valor a Escola, pois a mesma é apenas o lugar que seus filhos permanecem durante um período de tempo, e que deverá ensinar muitas coisas, que as crianças não aprenderam ainda.
É o compartilhamento da gestão na escola, distribuída entre todos os segmentos envolvidos, que vai caracterizar uma gestão intensamente participativa, capaz de olhar e atender às necessidades dos alunos no processo ensino-aprendizagem mais amplo: aquele que além de construir conhecimentos também prepara para a vida pessoal e profissional e para o exercício da ética e da cidadania.
Considerações Finais
A participação dá às pessoas a oportunidade de controlar o próprio trabalho, sentirem-se autoras e responsáveis pelos seus resultados, construindo, portanto, sua autonomia. Ao mesmo tempo, sentem-se parte da realidade e não apenas um simples instrumento para realizar objetivos Institucionais.
Saber chamar, envolver a família e a comunidade, onde todos tenham vez e voz, respeitando suas opiniões, discutindo democraticamente suas ideias e aspirações e promovendo a realização de um trabalho integrado são requisitos indispensáveis ao exercício da liderança compartilhada e competente em gestão escolar. Neste sentido há muito ainda a ser feito, a crescer e progredir, não apenas na escola parceira, mas na sociedade como um todo, e para tanto, é necessário que a gestão democrática seja vivenciada no dia-a-dia nas escolas, seja incorporada ao cotidiano e se torne tão essencial à vida escolar, quanto é a presença de professores e alunos, alavancando assim a consciência e a participação tão almejada com esta forma de administrar.
Referências Bibliográficas:
GADOTTI, Moacir – Texto: Escola Cidadã: uma aula sobre a autonomia da escola. São Paulo, 1992).
Gestão em Rede Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) nº 71, agosto 2006, pag.3.
Gestão Escolar, disponível em: http://www.partes.com.br/educação/gestãoescolar acesso em 21/09/2010
Gestão Escolar, disponível em: http://www.educarparacrescer.abril.com.br/gestãoescolar acesso em 21/09/2010
SEVERINO, Antônio J. O projeto Político-Pedagógico: a saída para a escola, nº 107. Brasília, AEC, 1998, pag.29.
[1] Acadêmica de LPD – Pólo UAB – Cerro Largo/RS professora a distância Eliana Weber, professoras presenciais Mariléia Thum Psich e Sara Sher, escola parceira Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Otto Flach-CIEP de Cerro Largo/RS.
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