sexta-feira, 3 de junho de 2011

MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL


ANA AMÉLIA DE CASTRO BOTH[1]




INTRODUÇÃO


             As preocupações com um ensino de matemática de qualidade desde a Educação Infantil são cada vez mais freqüentes e são inúmeros os estudos e pesquisas que indicam caminhos para fazer com que o aluno dessa faixa tenha oportunidades de iniciar de modo atraente e divertido os primeiros contatos com essa disciplina.
            Devido a esses questionamentos e inquietações resolvi buscar respostas sobre "A Matemática na Educação Infantil". Esta proposta incorpora contextos do mundo real, experiências e linguagem natural da criança no desenvolvimento das noções matemáticas sempre levando em conta que as noções e idéias que ela adquire na Educação Infantil serão de grande importância em toda a vida escolar e cotidiana. É preciso, ainda, reconhecer que os alunos precisam de um tempo considerável para desenvolver os conceitos e as ideias matemáticas trabalhados pela escola e também para acompanhar encadeamentos lógicos de raciocínio e comunicar-se matematicamente.

DESENVOLVIMENTO

             A matemática faz parte da vida da criança desde o momento em que ela é concebida, ela passa por transformações onde vão somando-se dias, semanas e meses até seu nascimento. No momento em que ela nasce o fator tempo está presente na vida e na hora ela é medida, pesada e inicia-se a contagem de suas horas, dias, meses e anos sempre com horários para tomar banho, mamar, dormir etc.
             A cada dia ela passa por mudanças e situações novas. Até mesmo antes de ir frequentar a escola ela está em contato direto com a matemática, seja numa brincadeira de faz de conta, simulando medidas e contagens, jogando jogos com regras. Desde muito cedo as crianças já começam a pensar sobre números. Isso acontece porque vivem num mundo cheio de símbolos que expressam o código desses números e principalmente porque vê as pessoas ao seu redor lidar com estes símbolos em situações cotidianas.    Desde cedo se fala com as crianças sobre idades e quantidades, se brinca de esconder contando até determinado número para marcar o tempo, se repartem objetos, número de roupas e calçados, preços, etc. Em fim as crianças convivem dia a dia com números utilizam a matemática todos os dias de sua vida independente de tempo ou lugar. À medida que ela cresce suas possibilidades e necessidades aumentam de estar em contato com os números para se relacionar com o mundo ao seu redor. Desde que a criança nasce ela deve ser estimulada a pensar e agir matematicamente mas os conhecimentos que mais são necessários construir são : Repetir, ordenar, compor, agrupar, fixar, classificar, isolar e generalizar.
 É importante desenvolver também a habilidade de resolver problemas pois isso ira aumentar suas potencialidades em termos de inteligência e cognição. Tanto para a criança como para o adulto, problema é toda a situação que ela enfrenta e para a qual não encontra solução imediata. Se ela conviver com esta prática desde cedo vai se sentir encorajada e com facilidade de resolve-los.
 As crianças precisam aprender sobre matemática a fim de entender o mundo a seu redor. Se desejarmos ensinar matemática para crianças devemos torná-las numeralizadas e temos que saber muito mais sobre como elas aprendem e o que a aprendizagem da matemática pode fazer pelo pensamento delas. Numeralizado significa pensar matematicamente sobre situações e para que isso ocorra precisamos conhecer os sistemas matemáticos de representação que podemos utilizar como ferramentas. No mundo de hoje precisamos ser numeralizados a fim de realizar negócios mais vantajosos.
             A matemática que as crianças aprendem deve lhes dar acesso a novos meios de pensar matematicamente, por isso o estudo de como as crianças pensam é fundamental para o ensino da matemática. O progresso pode vir da compreensão de novas invariáveis, da capacidade de aprender formas novas de representação matemática e de conectar formas antigas a novas situações que a enriquecerão com sentido.
            A criança irá iniciar pela contagem que conta com dois aspectos: O do seu entendimento dos princípios da contagem e o do uso da contagem, o que vai variar de acordo com os estímulos e a idade. Devemos lembrar que a contagem simples por correspondência termo a termo, embora seja um começo muito importante, claramente não e suficiente para as crianças entenderem o nosso sistema de numeração. As crianças podem aprender sistemas importantes de sinais a partir de seu ambiente cultural que serão usados para apoiar seu raciocínio matemático.
            As atividades de medida são importantes para expandir a compreensão das crianças de número. A maioria das pessoas está acostumada a pensar que o conhecimento matemático é uma consequência de ser bom ou não em matemática na escola. No entanto, aprender na escola não é simplesmente uma questão cognitiva. Isso faz parte do processo de tornar-se um tipo específico de pessoa.
            A compreensão das crianças da adição e subtração se desenvolve à medida que elas se tornam cada vez mais capazes de perceber a conexão entre sua compreensão inicial e situações novas e à medida que elas se tornam capazes de usar sistemas diferentes de sinais ao raciocinar.
            O importante é desafiar e encorajar a criança a estabelecer várias relações nas diferentes situações do seu cotidiano, tendo iniciativa, sendo curiosa e questionadora, ousando expor o seu ponto de vista e confrontá-lo com os companheiros, o que poderá ocasionar brigas e discussões e precisar a interferência do professor para chegar a uma conclusão única e certa da situação.
            O pensamento lógico-matemático não pode ser ensinado, ele aparece através das relações que a própria criança cria com seus objetos. É um conhecimento que tende a progredir e, não havendo possibilidade de regressão, uma vez aprendido não será mais esquecido. A criança estrutura o conhecimento através da manipulação dos objetos e começa a compreende-los à medida que age sobre eles através de atos de pegar, apalpar, dobrar, deixar cair, apertar, esticar, sacudir, entortar, juntar, separar, classificar etc.
            Para formar indivíduos capazes de raciocinar em qualquer situação com o espírito critico e flexível, com objetividade e coerência de pensamento, os educadores oferecem inúmeras oportunidades de experiências que propiciam o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático. Este é estruturado através da ação reflexiva, que a criança adquire quando manipula objetos.
            O conhecimento lógico-matemático esta ligado ao conhecimento físico e isso acontece quando a criança descobre propriedades inerentes ao objeto como: pedrinhas pontudas, duras, marrons, etc. As ações que ela exerce sobre o objeto começa naturalmente pois antes ela apenas reconhecia e agora começa a contar e associar.
 A medida que ela desenvolve o conhecimento lógico-matemático com ações estimuladoras inicia-se uma curiosidade que possibilitará a criança a aquisição de noções de medidas, atributos, quantidades, conservação e de espaço e tempo. É interessante observar que as crianças da educação infantil vão pouco a pouco dominando os atributos dos objetos, sempre dependendo de suas necessidades, curiosidades e situações que se apresentam. Ela começa a diferenciar cores, perceber as formas, espessuras e texturas de objetos. Sua capacidade de reconhecer as coisas que estão presentes vai aos poucos sendo acrescida pela de representar o que conhece. Essa capacidade, segundo Piaget, é denominada função semiótica ou simbólica e compreende a representação por diferentes maneiras de um objeto ou acontecimento ausente. Essas condutas tem um aparecimento mais ou menos simultâneos. São elas a imitação, o jogo simbólico, o desenho, a imagem mental e a linguagem.
            É observável nesta faixa etária a imitação e muitas vezes esta é inconsciente, se nota clara a imitação das crianças de pessoas mais velhas principalmente adultas. No inicio imita modelos mas depois passa a produzi-los seus próprios modelos. Jogos e atividades grupais dão a criança oportunidade de confrontar seu ponto de vista com os demais colegas, contribuindo para a passagem do pensamento egocêntrico e da imitação para o consciente.
            Na escola, as brincadeiras podem ser agradáveis pois soam como desafios escolares. As crianças pensam que jogo é brinquedo, brinquedo é jogo e no entanto não passa de uma atividade lúdica tão séria quanto qualquer outra tarefa, a única diferença é que para o aluno é sempre interessante e agradável e aprender brincando é mais prazeroso.

A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas com ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e imaginação favorecem á criança comportamento além dos habituais. Nos jogos ou brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, e isto, inegavelmente, contribuem de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento. (Rego, 1932, p. 36).

            Podemos dizer baseado na teoria de Vygotsky que o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança, tendo enorme influência em seu desenvolvimento.
            O jogo pode ser utilizado em várias etapas escolares, pois oportuniza a construção de conceitos, mas o professor precisa se conscientizar de que a riqueza da tarefa esta na exploração oral feita a partir dos jogos e por isso deverá estar sempre circulando entre os grupos para questionar os alunos, buscando, desse modo, verificar o entendimento das crianças com o assunto em desenvolvimento.
            Utilizar as brincadeiras infantis como um tipo de atividade freqüente significa abrir um canal para explorar idéias referentes a números de modo bastante diferente do convencional. De fato, enquanto brinca a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparações de quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante as brincadeiras, perceber intervalos numéricos, em fim iniciar a aprendizagem de conteúdos relacionados ao desenvolvimento do pensar aritmético.

CONCLUSÃO

            Mesmo antes do ingresso na escola a criança observa, questiona e procura explicar os fenômenos do mundo social e natural que é capaz de observar direta ou indiretamente. Na escola, o contato sistemático com o conhecimento acumulado pela humanidade deve ocorrer de forma contínua entre o que a criança descobre por si mesma e as informações que se pretende ensinar. É importante que ela , desde o início da escolaridade, possa ampliar, rever e reformular as noções que construiu e constrói no seu dia a dia, vindo a reformular, ampliar ou abandonar sua hipóteses e explicações.
            Mas para que todos possam progredir em suas aprendizagem precisamos ter consciência de que essas aprendizagens ocorrem de diferentes maneiras de criança para criança e que muitas vezes devemos fazer reformulações e novos procedimentos.
            O que vemos então é um desenrolar de descobertas, de estratégias e de procedimentos próprios bem originais vindo da própria criança sem uma obrigação de decoreba e memorização obrigatória. A habilidade de resolver problemas se tornou importante na aprendizagem da matemática e as crianças desenvolveram outras potencialidades que até então não havia sido percebida por mim, como por exemplo a auto estima, a espera de sua vez, o respeito pela opinião do colega, a socialização, a alegria de vencer obstáculos e principalmente o saber perder.
            Portanto, a relação entre professores, alunos e família, cada vez mais é indispensável para uma boa aprendizagem, porque o respeito e o conhecimento do sujeito e do meio em que vive, influência cada vez mais no ensinar.

REFERÊNCIAS :
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Ed. Vozes, 1999 – 5ª ed. Petrópolis,RJ.
FRANCO, Ângela. Matemática brincando e construindo. Minas Gerais: Lê, 1994.
MEIRELLES, Maria de Lourdes. Construindo a matemática.2ª ed. Minas Gerais: Dimensão.1998
NUNES, Terezinha. Criança fazendo matemática . Porto Alegre:
Artes médicas,1997
RANGEL, Ana Cristina .Educação matemática e a construção do número pela criança. Porto Alegre: Artes Medicas Sul. 1992.
SMOLE, Kátia Stocco. Brincadeiras Infantis nas aulas de matemática. Porto Alegre, ARTMED editora, 2000.-


[1] Ana Amélia de Castro Both – Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância– Polo de Cerro Largo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário